Estrela da NBA investe em arte

As estrelas da NBA (e não só, futebol, baseball, futebol americano) são conhecidos por gastarem imenso dinheiro em carros, casas, jóias, festas, até na bolsa, mas em arte… não é muito comum. E é isso que Stoudemire quer mudar. Deixar as bolas Spalding, a marca oficial da NBA, a repousar quando deixa o pavilhão e…

Eis o que se passa: a arte e o desporto andam de mãos dadas na rua, à vista de toda a gente. Sem medos e assumido. É oficial. Desde que Anna Wintour passou a ser vista nos courts de ténis e em jogos de basquetebol que a coisa se via que estava a mudar. Agora é a vez da resposta dos desportistas como Amare’ Stoudemire, Russell Westbrook ou Victor Cruz. São vistos com frequência na primeira fila de uma Fashion Week. Só que encestar (e bem) não foi suficiente para a estrela dos Miami Heat e Stoudemire decidiu criar um projeto. Ligar as estrelas do desporto e a comunidade artística. Porquê? É tudo uma questão de dinheiro. E oportunidade.

É isso, show me the money. Os atletas de topo têm dinheiro, muito, e podem gastá-lo em arte. E há os artistas emergentes que precisam desse dinheiro para sobreviver e continuar a fazer arte, e terem alguém famoso como colecionador pode ajudar a criar um nome e uma carreira. O objetivo é, portanto, ligá-los. E quem melhor do que Amar’e Carsares Stoudemire, o pivô dos Heat, esttela da NBA, para fazer essa ligação? Ele ajuda ambos os lados, financeira e culturalmente. Como?

“Vamos educar o resto do desporto mundial explicando o quão importante é colecionar arte e estar ligado aos artistas emergentes que estão a caminho de ser grandes mas que agora ainda ninguém sabe que virão a ser grandes”, atira, como se fosse um triplo, à “Bloomberg”. Cesto. O que ele vê é que os atletas compram arte a um preço razoável. “Daqui a cinco anos valem o triplo, e ficam com uma mina de ouro nas mãos”. Três pontos.

No campo, onde Stoudemire já passou pelos Phoenix Suns, New York Knicks e leva agora o Heat aos playoff. Fora dos pavilhões também mantém a mão quente, com uma coleção de arte pós-guerra e arte contemporânea em casa, que inclui trabalhos de Basquiat, Warhol, Retna e Rob Pruitt. No final do ano passado, durante a Art Basel Miami Beach, onde foi coanfitrião juntamente com o artista Jen Stark, comprou um quadro de Hebru Brantley da feira de arte “No Commission”. E deu nas vistas.

Aos 33 anos, Stoudemire raramente é titular e o seu papel na equipa tem mais a ver com o de reserva, um suplente especial. Os pontos são cada vez menos, mas os companheiros de equipa continuam a chamá-lo pela alcunha – Stat. Só que as estatísticas já deixaram de estar no seu campo de ação, desistiu delas, ele que teve uma média de 20,4 pontos em sete temporadas diferentes.

Está em declínio, mas o basquetebol ainda não acabou, apesar do seu papel ser cada vez mais reduzido – e, claro, já não precisar do desporto (e da NBA) para viver. É essa curiosidade que o leva a ver o futuro mais brilhante, com outras oportunidades fora do basquete. Fala constantemente em cinema, arte, viver no estrangeiro ou numa quinta. Mesmo assim, ainda não quer fechar a carreira e muito menos deixar os Heat. A partir deste verão tornar-se-á free agent e aí poderá ser ele a escolher para onde ir e o que fazer.

“Cresci a jogar este jogo, e amo isto, e ainda tenho a paixão para tentar ser melhor”, disse ao “Miami Herald”. “Penso que isso nunca envelhece”, diz do alto dos seus 2,11 metros. Nascido na Florida, as diferentes culturas sempre o influenciaram.

Agora, o seu papel não é atirar para encestar. “O meu trabalho é lutar com gajos como o Andre Drummond e deixar que outros como Lu Deng ou quem quer que seja ganhe os ressaltos”. Ou seja, trabalhar para os outros. O mesmo se passa com a arte.

A ideia agora é criar um grupo de amigos e consultores em quem Stoudemire confie para conselhos e dicas para comprar arte. Nesse círculo de amigos estão o produtor Swizz Beatz (marido de Alicia Keys e é quem está por detrás da “No Commission”), o artista pós-concetual Rob Pruitt, e artistas de rua como Retna e Mr. Brainwash. Depois disso, quer criar um site e uma plataforma para ajudar a vender trabalhos de artistas que estão a aparecer e encontrar colecionadores – sob o nome da sua coleção: “Melech Collection”.

Mas a coleção pessoal não está à venda nem é para vender. É para ficar na família. “Eu compro arte mas não é para revendê-la”, disse à “Esquire”. “Quero ver a minha coleção passar de geração em geração”.

Stoudemire é colecionador desde que em 2007 lhe ofereceram um quadro. A partir daí ficou com vontade de partilhar o interesse pela arte com outros atletas. “Há muitos jogadores que me perguntam como podem entrar nisto. É como comprar um carro, uma casa, os últimos ténis Lanvin. Os atletas querem comprar arte”. E ele quer ser o guia deles.