Está convencido de que é o homem certo para levar o FC Porto outra vez à senda das vitórias e demonstra um apego ao poder invulgar.
O presidente eterno sofre do mesmo mal que muitos empresários nacionais que não têm um sucessor óbvio que possa levar os negócios a bom porto. Acredito, pois, que Pinto da Costa não consiga vislumbrar alguém que possa prosseguir o seu reinado com tanto sucesso, mas o seu tempo, como presidente, aproxima-se do fim. Quando acabar o atual mandato terá 82 anos e a frescura de outros tempos não será a mesma.
A grandeza da sua obra faz com que muitos se inibam de avançar já como alternativa, e o único que o fez não parece recolher grandes apoios. Vítor Baía é uma figura lendária da casa, mas não lhe são reconhecidos méritos empresariais e acham que é imaturo para o cargo.
O FC Porto caracterizava-se, nos últimos longos anos, por ser um clube blindado em que todas as divergências eram tratadas no balneário. Nada passava para o exterior. Agora, sinal dos tempos, muita coisa está exposta na praça pública. O definhar de Pinto da Costa faz lembrar o que se passa com um amigo seu: José Eduardo dos Santos. Em Angola, todos pressentem o fim do presidente e, em surdina, fazem cenários, mas ninguém avança. No FC Porto, a história é muito semelhante. Já cheira ao fim de uma era, mas estão todos à espera que o poder caia de maduro. Afinal, quem vier a seguir sabe perfeitamente que será quase impossível igualar em tempo e vitórias o consulado de Jorge Nuno Pinto da Costa. E nem os negócios estranhos que são feitos com a agência do filho, que cobra comissões duvidosas com a venda e compra de jogadores, levam os hipotéticos candidatos a saírem da toca. Todos acham que terão a sua chance, é apenas uma questão de tempo.