José Rodrigues dos Santos: em nome do jornalismo e dos romances

Não é uma figura consensual, mas ninguém lhe fica indiferente. Para a maioria dos portugueses, é o Zé, o homem que piscava o olho quando terminava o telejornal. Tornou-se uma figura familiar nos lares portugueses pelo seu à-vontade, mas os políticos tremem um pouco quando têm de o enfrentar. Direto, sem rodeios, José Rodrigues dos…

José Rodrigues dos Santos: em nome do jornalismo  e dos romances

Quando foi diretor de informação da RTP acabou por resignar ao cargo por discordar das ingerências do governo de então, liderado pelo PSD/CDS. Deixou o cargo diretivo, mas manteve-se à frente do Telejornal e é aí que tem travado a maioria das polémicas. Esta semana voltou a “desentender-se” com o PS quando fez a sua leitura do endividamento do país. Recuando ao tempo de José Sócrates, Rodrigues dos Santos explicou como se escondia a dívida pública. Não desmentiu que era uma prática que já vinha de trás e que haveria de continuar. Só que os franco-atiradores de serviço socialistas, com José Magalhães no prédio mais alto, começaram logo a fazer tiro ao boneco. “Vigarista” e “talibã” foram alguns dos mimos que recebeu. José Rodrigues dos Santos respondeu mas recusou entrar pelo mesmo caminho do insulto. Já antes tinha recebido a ira de alguns socialistas quando interpelou várias vezes José Sócrates no espaço de comentário que o antigo primeiro-ministro tinha na RTP. “Os políticos não são independentes, e por isso foram sempre entrevistados por mim como políticos, não como comentadores”, disse esta semana ao i.
Experiência de guerra é algo que não falta ao jornalista que se tornou famoso na noite de 16 para 17 de Janeiro de 1991, quando rebentou a primeira Guerra do Golfo, com o bombardeamento de Bagdade pelas tropas americanos. Durante 10 horas, Rodrigues dos Santos manteve-se em antena, traduzindo e relatando o que via através da cadeia norte-americana CNN. Depois ele próprio fez a cobertura de vários conflitos armados. Professor universitário estimado pelos alunos, acabaria por se tornar um fenómeno de vendas como escritor. Recebeu vários prémios de jornalismo e de escritor.
“A verdade é a verdade e o nosso trabalho é noticiá-la em consciência e em liberdade”, acrescentou ainda ao i.