Constança Urbano de Sousa. Uma carta com outro remetente

A ideia já tem mais de 20 anos, mas só se concretizou na semana passada. Em meados dos anos 90, o Ministério da Administração Interna chegou a apresentar uma solução muito parecida com a atual, mas não houve coragem política para avançar. Falamos do tempo em que as operações stop para detetar condutores com excesso de…

Constança Urbano de Sousa. Uma carta com outro remetente

A carta por pontos – que é o cadastro do condutor onde ficam registadas todas as infrações, sendo que quando se atinge o limite de pontos fica-se sem título válido para conduzir -, acabaria por se perder com a saída de cena do Executivo de Cavaco Silva.

Na semana passada entrou em vigor a famosa carta por pontos, cabendo agora à equipa de Constança Urbano de Sousa, ministra da Administração Interna, pôr o sistema em prática e fiscalizá-lo. Nada há a dizer sobre a nobre intenção de baixar os índices de sinistralidade, mas a verdade é que se vão criar muitas injustiças com a famosa “caça às multas”, pois os limites máximos de velocidade estão completamente desatualizados. O Governo, este e todos os que o antecederam, sabem perfeitamente que a velocidade média das autoestradas é muito superior aos 120 quilómetros/hora da lei. A Brisa tem esses estudos, que nunca os revelou, é certo, sobre o tempo que se leva de uma portagem à outra. E o que se pode esperar nesta política de proibição é que num futuro próximo essa média apurada sirva para multar os condutores. Não faltará muito até que tal medida entre em vigor. E aqui penso que a indústria automóvel irá sofrer muito e muitos milhares irão para o desemprego. Fará algum sentido comprar um carro que ande a 200 quilómetros/hora para só poder andar a 120, no máximo? Não faria todo o sentido aumentar a velocidade máxima para 150 ou 160 quilómetros/hora nas autoestradas? Afinal, estas vias são ou não as mais seguras do país? E não é verdade que um quarto dos mortos nas estradas são peões que morrem nas principais cidades?

Constança Urbano de Sousa não terá, obviamente, força para propor o aumento da velocidade nas autoestradas, mas os partidos da oposição deviam ter vontade e coragem para o propor. Por este andar, os carros só vão servir para andar nas cidades…