Muita gente pode ter esquecido que o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais foi ver um jogo de futebol a convite da GALP, mas não o Presidente da República. Muita gente pode ter esquecido que o Ministério Público está a avaliar o caso, mas não Marcelo.
Ao desancar publicamente nos secretários de Estado que foram ao euro com as viagens pagas pela Galp, Marcelo fez mais do que apresentar um cartão vermelho: sinalizou uma remodelação. Agora é uma questão de timing, já que politicamente é insustentável que o primeiro-ministro mantenha secretários de Estado no seu posto quando o Presidente os considera inibidos para algumas tarefas. Provavelmente a seguir ao Orçamento, Costa será obrigado a ceder ao Presidente.
É natural que um ano depois da geringonça se ter formado, haja outras mudanças a fazer. O ministro da Economia tem sido criticado dentro do PS e do próprio Governo quase desde o início. Costa disse em pleno congresso do PS que Caldeira Cabral era «tímido e talvez discreto demais», mostrando um desagrado com a performance pelo menos pública.
A necessidade de reforçar a componente política tornou-se uma evidência depois das catástrofes de gestão política do verão, a começar pelos incêndios.
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