Operação Marquês. Como o GES lucrou com a golden share

José Sócrates recebeu 21 milhões de euros de sociedades do Grupo Espírito Santo (GES). Esta é uma das conclusões a que o Ministério Público já chegou numa das frentes da Operação Marquês. 

Seguem-se, finalmente, os investimentos e vendas que a PT fez em 2010 e 2011. Por ordem de Sócrates, o Estado usou a sua golden share (ação de valor  qualificado) na PT para impedir que os acionistas vendessem à espanhola Telefónica, por 7,15 mil milhões de euros, a participação da operadora na congénere brasileira Vivo. Isto terá tido como explicação os pedidos do Presidente do Brasil Lula da Silva a Sócrates para que a PT ajudasse a salvar a operadora brasileira Oi, o que os grupos acionistas portugueses na PT não queriam.

Após o uso da golden share, o MP conclui que, apenas um mês depois, os espanhóis da Telefónica aumentaram a sua proposta em mais 350 milhões de euros, tendo o Estado português desta vês aceitado, e os acionistas da PT decidido comprar 22% da Oi, por 3,5 mil milhões de euros. Pelo meio, o GES encaixou a sua quota-parte de dividendos pela venda à Telefónica – o que terá proporcionado o pagamento de mais comissões indevidas, que tiveram como destino Carlos Santos Silva e desta vez também administradores da PT.

Assim, através do BESA e da ES Enterprise, em finais de 2010, foram transferidos para o CEO da PT, Zeinal Bava, 8,5 milhões de euros. A este valor somaram-se, já em 2011, mais 10 milhões de euros. Pela mesma altura, às contas do Grupo Lena chegaram oito milhões de euros, que foram encaminhados para Carlos Santos Silva.