Alunos portugueses não gostam da escola

Portugal é um dos países onde há mais alunos que não gostam da escola básica e secundária. Apesar de os alunos terem uma atitude «maioritariamente positiva» face à escola, Portugal é hoje «um dos últimos» entre os países da OCDE a ter menos alunos a responderem que «gostam muito da escola».

Esta é uma das conclusões hoje divulgadas no último relatório do Estado da Educação de 2016 do Conselho Nacional da Educação (CNE), que se foca este ano a analisar o perfil dos alunos portugueses.

De acordo com o relatório o «desencanto» dos alunos portugueses tem vindo a acentuar nos últimos 15 anos, quando comparados com dados do final da década de 90. Nessa altura, sublinha o presidente do CNE, David Justino, Portugal estava entre os países com «maior percentagem de alunos que respondiam gostar muito da escola».

E esta perda de encanto é sentida «maioritariamente» por raparigas sendo nos rapazes «menos pronunciado». Mas continuam a ser os rapazes a registar as percentagens mais elevadas para as opções «não gosto muito» e «não gosto nada» 19,0% e 12,0%, respetivamente, quando comparadas com as das raparigas 15,8% e 7,3%, respetivamente.

Entre os alunos analisados, foram os do 6º ano escolar «os que mais frequentemente referiram gostar da escola», tendo a sua percentagem passado de 91,0%, em 2001/2002, para 82,3% em 2013/2014, entre as opções gosto muito e gosto mais ou menos.

Segundo o relatório esta tendência dos alunos não está relacionada com a exigência. Até porque, lê-se no documento, «a pressão e a exigência da escola sobre os alunos têm vindo a diminuir nos últimos quinze anos» sendo também as raparigas «que mais sentem essa pressão das tarefas escolares».

Os resultados analisados pelo CNE – órgão consultivo do Ministério da Educação – tiveram como base um estudo de investigadores internacional da Health Behaviour in School Aged Children, do qual Portugal é um dos 44 países que fazem parte da organização. O estudo internacional teve como base um inquérito realizado em 2014 em 36 agrupamentos escolares de ensino regular, de todas as zonas do país. Participaram 473 turmas dos 6º, 8º e 10º anos de escolaridade.