Condutores prontos para entregar volante a Silicon Valley

Fabricantes multiplicam-se em apresentações dos mais variados modelos e apontam 2021 como data de arranque da comercialização. Já o governo português diz que quer ser “líder nos veículos autónomos como foi nos elétricos”

Carros sem condutor. É este o desafio que a indústria automóvel enfrenta e que tem vindo a ganhar maior fôlego com o mundo digital a entrar em força neste setor. A Tesla, a pouco e pouco, tem vindo a revolucionar o mercado, mas há sinais cada vez mais evidentes de que vai ter um concorrente de peso: a Apple.
A empresa fundada por Steve Jobs e que fez sucesso à escala mundial graças ao iPhone tem estado a investigar como carregar carros elétricos através de contactos com empresas que produzem estações de abastecimento. Além disso, estará a contratar engenheiros com experiência na área – sinais de que a multinacional americana vai ao encontro dos rumores, que correm há mais de um ano em Silicon Valley, de que a Apple quer entrar no mercado automóvel elétrico.
Também a Alphabet, que detém a Google, se associou à Fiat Chrysler para melhorar a tecnologia que permite construir carros sem condutor. A tecnológica está desde 2009 a trabalhar neste projeto, mas é a primeira vez que se associa a uma empresa do setor automóvel. A Fiat Chrysler vai entregar cerca de cem veículos Chrysler Pacifica à Google e disponibilizar engenheiros que estejam habilitados a integrar a tecnologia necessária a um carro autónomo.
A empresa tecnológica está atualmente a testar os carros autónomos com 70 protótipos Lexus, da Toyota, nos estados norte-americanos da Califórnia, Texas, Washington e Arizona. A ideia é que os veículos sem condutor sejam colocados à venda em 2020.

Marcas aderem à moda O certo é que há cada vez mais marcas automóveis a apostar na condução autónoma. E 2021 é a data apontada pela maioria dos fabricantes para começarem a disponibilizar estes modelos no mercado.
O fabricante de automóveis Ford Motor Company já anunciou que vai ter automóveis sem condutor disponíveis para serviços de partilha de veículos (ride-sharing) até 2021. A empresa salientou que este objetivo vai ser conseguido reforçando os investimentos em tecnologia e duplicando a equipa que está a trabalhar no departamento de carros autónomos, em Silicon Valley.
E a marca garante que estes modelos vão ser um sucesso. “Acreditamos que os veículos autónomos vão ter um impacto tão significativo na sociedade como a linha de montagem da Ford teve há 100 anos”, disse o presidente da empresa, Mark Fields.
De acordo com o responsável, a empresa está “empenhada em pôr na estrada um veículo autónomo que possa melhorar a segurança e resolver os desafios sociais e ambientais de milhões de pessoas, e não apenas os que podem pagar veículos de luxo”.
Para isso, a Ford associou-se à gigante chinesa da internet Baidu para injetar 125 milhões de euros (150 milhões de dólares) na Velodyne, uma empresa norte-americana especializada em sensores de carros sem condutor.
O primeiro veículo totalmente autónomo da Ford não vai ter volante, pedal de acelerador ou pedal de travão, de acordo com o fabricante.
Este exemplo é seguido pela Volvo que, em parceria com a Uber, anunciou que vai investir cerca de 268 milhões de euros (300 milhões de dólares) para desenvolver um automóvel totalmente autónomo que vai começar a ser comercializado em 2021. Os primeiros testes vão arrancar no próximo ano, com 100 protótipos tanto em Gotemburgo (Suécia) e em Londres (Reino Unido) como na China. A marca sueca deverá convidar condutores em cada país para estes testes.
Já a BMW anunciou, no início de julho, uma parceria com os norte-americanos da Intel e a empresa de sistemas de câmaras israelita Mobileye para lançar os primeiros carros autónomos em 2021, o mesmo ano que foi apontado pelos outros fabricantes.

Portugal quer liderar mercado Portugal não quer ficar atrás nesta evolução e o governo promete uma “revolução” neste mercado. “O nosso objetivo é muito simples: queremos ser líderes nos veículos autónomos, como fomos em veículos elétricos”, já veio garantir o secretário de Estado da Indústria.
Para isso, João Vasconcelos promete criar um ambiente propício, do ponto de vista legislativo e regulamentar, que permita captar investimento nesta área para Portugal. “Quero ter a regulamentação mais avançada nessa matéria e, assim, atrair centros de investigação, startups, fornecedores de tecnologia, fabricantes, etc.”, salientou o governante.
Uma das ideias passa por alterar a legislação de forma a permitir a realização de testes de veículos autónomos em estrada – isto porque em toda a Europa só é permitido fazer testes em determinados bairros. Todo este trabalho será coordenado pelo Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel (CEIIA).