Sporting. Jesus está em todo o lado, mas hoje não pode ir ao banco…

Leões procuram dar expressão pontual à bela exibição realizada no Bernabéu. O treinador está de castigo, mas há sempre um adjunto à mão.

Agora, sim: a enorme exibição no Santiago Bernabéu, onde só o resultado final destoou, já parece estar arrumada numa gaveta pelo plantel do Sporting. Entretanto, as vitórias reapareceram no campeonato, com o 4-2 ao Estoril, e a Liga dos Campeões cá está novamente: hoje, os leões recebem o Légia de Varsóvia sem Jorge Jesus no banco e com cautelas no discurso. A meia-dúzia que os polacos encaixaram em casa, perante o Dortmund, não chega para convencer o treinador leonino. “O jogo com o Dortmund foi atípico, os dois primeiros golos surgiram muito cedo e em lances de bola parada. Parece-me que o Légia tem uma boa equipa, muito competitiva, agressiva na disputa da bola e rápida nas saídas. Tem alguns jogadores com muito valor e vai ser um jogo dividido, porque não há grandes diferenças entre as equipas na Champions – exceção feita a algumas como o Real Madrid e outras que nem vale a pena nomear… As restantes estão ao mesmo nível, por isso temos de estar preparados para as dificuldades: o Légia acredita que pode seguir em frente, tem as mesmas ambições que nós e os jogos diretos podem decidir muita coisa”, salientou ontem Jesus.

A consistência defensiva – ou falta dela – do Sporting nos últimos três jogos, onde sofreu sete golos, tem sido também um tema quente no universo leonino. A pergunta foi, pois, colocada de forma direta ao treinador: está Jesus preocupado com os golos sofridos? E a resposta não podia ser mais clara. “Para ganhar, temos de marcar golos, e já fizemos 14. É verdade que defensivamente, normalmente, não sofremos muitos golos, mas a minha preocupação é no que podemos marcar e sofrer. Se marcarmos cinco e sofrermos um golo, estou satisfeito. Agora se sofremos um golo e não marcamos, aí não estou satisfeito. Quando olho para o jogo vejo as duas componentes. Todos os momentos me preocupam”, assumiu Jesus.

Pela frente, estará um adversário que costuma mandar tranquilamente no futebol polaco – esta época, todavia, o cenário dificilmente poderia estar mais ao contrário: o Légia está em 14º, com dez pontos em dez jogos e já a 12 pontos da liderança. Já despediu um treinador, encontrando-se agora entregue a um ex-treinador dos bês (Jacek Magiera) que hoje estará no seu primeiro jogo europeu enquanto técnico principal. Tudo somado, vida fácil para o Sporting? Nada disso: palavra de Jesus. “A Liga dos Campeões é sempre diferente, na adrenalina e concentração. Como estão as equipas no campeonato não tem muito a ver com o que se faz na UEFA. O Légia não estar a fazer o campeonato tão bom como está habituado a fazer, não vai enfraquecer no objetivo que tem para este jogo”, salientou o treinador do Sporting, elogiando o futebol polaco na sua generalidade: “É evoluído, sempre foi. Ainda agora, a Polónia esteve no Europeu e tem jogadores nas grandes equipas europeias.”

Avança Raul José Expulso frente ao Real Madrid, Jesus vai ter de ver o jogo longe do banco, afinal de contas o seu habitat natural. Mas não se mostra preocupado: “É verdade que, enquanto está a durar o momento do jogo, não posso reagir às decisões do que o jogo nos dita. Mas de resto, tudo o que seja estratégia já foi elaborado por mim e pela minha equipa técnica, portanto não é muito importante eu não estar no banco. Os meus colaboradores já trabalham comigo há 20 anos, conhecem-me por dentro e fora e sabem perfeitamente o que têm de fazer e como têm de decidir.” Assim sendo, dê um passo à frente o senhor Raul José: assim como assim, também já vai estando habituado…