Os casos de falsas licenciaturas estão a alastrar pelo Governo. Três dias depois do adjunto de Costa se ter demitido após terem sido publicadas notícias sobre a sua falsa licenciatura, houve nova demissão no Ministério da Educação.
Em causa está o chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e Desporto (SEJD), Nuno Félix, que foi nomeado duas vezes para gerir o gabinete de dois governantes diferentes, e tem várias versões sobre as suas habilitações académicas.
A primeira vez que foi nomeado como chefe de gabinete do ex-SEJD, João Wengorovius Meneses, lê-se no despacho, com data de 4 de Fevereiro de 2016, que Nuno Félix tem duas licenciaturas: uma em Ciências da Comunicação da Universidade Nova de Lisboa, e outra em Direito na Universidade Autónoma de Lisboa.
Mas quatro meses depois, Nuno Félix volta a ser nomeado como chefe de gabinete do atual SEJD, João Paulo Rebelo, e há diferenças claras nas suas habilitações académicas. No segundo despacho, com data de 2 de Junho de 2016, lê-se que Nuno Féliz tem apenas a frequência a estes dois cursos. Ou seja, não é licenciado em nenhum dos cursos que indicou na primeira nomeação.
Acresce ainda que na sua página de Linkedin, Nuno Félix diz que tem o bacharelato do curso da Nova que terá frequentado apenas durante um ano letivo (2007-2008).
O SOL sabe que o ministro da Educação – que têm relações pessoais com Nuno Félix tinha conhecimento desta irregularidade, mas que ainda assim, o ministro segurou-o e acabou por ser reconduzido no cargo, depois da saída de Wengorovius Meneses em Abril. Nuno Félix, foi, aliás, imposto pelo ministro ao ex-SEJD sendo este um dos principais motivos de rutura entre Tiago Brandão Rodrigues e Wengorovius Meneses que acabou por bater com a porta.
O SOL sabe ainda que o ministro tem conhecimento que o motorista do ministério ia buscar e levar todos os dias Nuno Félix a sua casa, em S. Martinho do Porto, e que o responsável pelo gabinete da Juventude e Desporto mantém ligações profissionais com Futebol Clube Colónia, que compete na 1ª liga na Alemanha.
Mas questionado pelo SOL o ministério da Educação disse apenas que o pedido de demissão de Nuno Félix foi aceite «na sequência da incorreção detetada no despacho de nomeação assinado pelo ex-Secretário de Estado, e da qual teve agora conhecimento» confirmando que o ex-chefe de gabinete não tem qualquer licenciatura. Horas depois da publicação da notícia, o Ministério da Educação emitiu um comunicado a garantir que o ministro não tinha qualquer conhecimento das irregularidades de Nuno Félix, apesar de muitas destas informações serem públicas.
