“As tendências são claramente positivas para o mercado e para os consumidores”

Ajudar a financiar PME através de uma lógica de diversificação de fontes de investimento é o negócio de uma startup portuguesa de fintech

A raize.pt tem stand na Web Summit. Com um ano e meio de vida, canaliza empréstimos dos mais diversos investidores e já movimentou mais de três milhões de euros para pequenas e médias empresas (PME). A média dos empréstimos concedidos é de 25 mil euros. José Maria Rego, um dos responsáveis, falou sobre a empresa e a indústria. 

A fintech vai substituir a banca como a conhecemos ou é um complemento?

Acho que vão existir, no futuro, dois tipos de agentes nas fintech: agentes que se vão individualizar e afirmar no mercado com a sua própria proposta de valor e vão roubar market share nas áreas onde operam, e hoje em dia operam nas mais diversas áreas, desde os pagamentos até aos empréstimos, passando também por outros serviços que atualmente são feitos pelos bancos tradicionais. Mas haverá também outros tipos de fintechs que vão ser adquiridas e incorporadas por estes agentes maiores e, por isso, vão ajudar também a inovar as próprias instituições que agora estão no mercado. As duas tendências são claramente positivas para o mercado na sua generalidade e para o consumidor no final.

Quais são os grandes obstáculos ao desenvolvimento?

O negócio da banca é um negócio que vive muito da confiança e isso é algo que, inerentemente, as fintech vão ter de conseguir fazer: conseguir ganhar a confiança das pessoas, que as pessoas conheçam e confiem nas soluções. 

Para onde caminha a fintech?

Sempre que estamos a fazer alguma coisa que nos dá uma chatice, sempre que somos sujeitos a um processo que é moroso, sempre que somos sujeitos a um excesso de burocracia, sempre que as coisas demoram mais tempo do aquilo que deveriam demorar ou são mais custosas do que deviam, todas essas áreas estão sujeitas a serem inovadas, a serem melhoradas: isso é um bocadinho a lógica das fintech. É olhar para essas áreas todas e dizer assim: aqui está um problema da economia, como é o caso, por exemplo, do financiamento às PME em Portugal. Aqui há um claro problema que é fazer chegar mais dinheiro às empresas mais depressa e com menores custos – vamos tentar resolver o problema. 

A tecnologia da fintech será aberta?

Se, no futuro, o sistema for aberto, vai ajudar a homogeneizar as práticas do mercado e torná-lo muito mais eficiente. As fintech têm tecnologia proprietária que estão a tentar integrar junto dos outros players do mercado ou que estão a tentar individualizar para tentar chegar diretamente ao consumidor. É uma questão de tempo que esta tendência tecnológica de aproximação das pessoas à interação com os serviços financeiros chegue ao resto do mercado. É uma tendência.