Figura da Semana. Cristiano Ronaldo, as bolas a seus pés

No mesmo dia Portugal assistiu à consagração de duas figuras. António Guterres na ONU e Cristiano Ronaldo como vencedor da Bola de Ouro. A história do miúdo que deixou a Madeira há uns bons anos continua a rechear-se de troféus

Cristiano Ronaldo não tem o dom da palavra, nem precisa de aproveitar as cerimónias de entrega dos sucessivos galardões que conquistou para fazer passar mensagens importantes. No mesmo dia em que se soube que ganhara a quarta Bola de Ouro, sinónimo de melhor futebolista do mundo, nos Estados Unidos da América LeBron James recebia o prémio de melhor desportista americano. O mítico basquetebolista aproveitou a ocasião para lançar farpas às políticas anunciadas por Donald Trump, falando na diversidade cultural e racial do país que fazem a sua magia. James fez referências diretas aos seus colegas mexicanos, porto-riquenhos e por aí fora.

Ronaldo é diferente: joga como ninguém mas não gosta de se envolver em ‘problemas’ sociais. Curiosamente até aproveitou o momento para se defender daquilo que diz ser uma grande injustiça, as acusações de fuga ao fisco em Espanha.

Mas o que dizer de Ronaldo como jogador? Que bate recordes atrás de recordes? Que é uma autêntica máquina de fazer golos? Que no Real Madrid, seguramente um dos três maiores clubes do mundo, não haverá tão cedo alguém que se possa aproximar dos números do português, que tem uma média superior a um golo por jogo? Que a quarta Bola de Ouro é totalmente justa, mas que acaba por tirar alguma magia ao futebol, atendendo a que Ronaldo e Messi dominaram totalmente o jogo na última década?

O craque madeirense no corrente ano juntou os troféus de campeão da Europa de clubes e de seleções, o que o deixava, obviamente, à frente da corrida do prémio mais importante a nível individual. Aos 31 anos, Ronaldo não dá sinais de querer abandonar os relvados e prova como o futebol dos dias de hoje nada tem a ver com o passado. O avançado quer jogar mais um bom par de anos, e tudo faz para que isso aconteça: leva uma vida regrada e sacrifica-se pessoalmente para ter uma recuperação mais rápida do esforço despendido. Ainda há uns meses um antigo treinador, Carlo Ancelotti, revelava que Ronaldo não se importava de deixar a namorada à espera enquanto se sujeitava a banhos de baixas temperaturas para recuperar o melhor e mais rápido possível.

É certo que muitos não ligam aos 500 golos que Ronaldo já marcou pelos três clubes por onde passou, mas Cristiano mantém-se à margem dessas desconfianças.