Carlos Ruiz Zafón. ‘Durante muitos anos, escrevia até ao nascer do sol’

Aos 52 anos, Carlos Ruiz zafón é o autor espanhol mais lido em todo o mundo, tendo já vendido qualquer coisa como 35 milhões de livros. Vive entre Barcelona e Los Angeles, onde começou uma carreira como guionista. O sucesso de A Sombra do Vento permitiu-lhe, porém, “comprar a liberdade”, como diz, e dedicar-se apenas…

Numa entrevista a propósito do seu mais recente livro, O Labirinto dos Espíritos, que fecha o ciclo iniciado em 2001 com A Sombra do Vento, Zafón revela que já em criança escrevia ao computador e que tem uma caligrafia “indecifrável” – “um grafólogo provavelmente teria um curto-circuito”. O autor fala ainda sobre a sua biblioteca, as dificuldades e o prazer da escrita; e conta como escreveu os seus cinco primeiros livros durante a noite – um hábito que mudou nos últimos anos.

Trabalha em casa?

Tanto em Barcelona como em Los Angeles tenho uma oficina, um escritório. O de LA é muito maior porque passo mais tempo lá a trabalhar. Às vezes vejo pessoas a trabalhar num café e não percebo. Preciso de estar no meu próprio espaço, isolado do mundo, e passo o dia inteiro a trabalhar.

Vai para esse escritório de manhã?

Sim. Quando era jovem escrevia de noite. Os cinco primeiros livros que publiquei foram escritos de noite. Começava a trabalhar às onze da noite e escrevia até ao nascer do sol, um pouco mais. A seguir passava uma hora a ler e a fazer descompressão, e depois ia dormir. Acordava muito tarde, saía, dava um passeio, pensava, e à noite ia de novo trabalhar. Fiz essa rotina durante muitos anos. Isso começou a mudar com a idade. A própria química do corpo muda, e num momento determinado percebi que não podia continuar a trabalhar de noite, como tinha feito sempre. Quando chegava à meia-noite ou à uma da manhã adormecia. ‘O que se passa?!’ Tentava e adormecia outra vez. E tomava café. Até que disse: ‘Podia experimentar o contrário, fazer o que fazem muitos escritores, que se levantam muito cedo e começam a trabalhar até que o cérebro aguenta’.

E até quando aguenta?

Normalmente há uma margem de horas a partir da qual a máquina não dá mais. Podes fazer outras coisas, mas não escrever. Então comecei a fazer isso, e desde há muitos anos que acordo de manhã, normalmente cedo, e vou para o escritório trabalhar, até que digo ‘Hoje já não vou produzir mais material usável’. Esse é o momento de dizer ‘stop’.

 

Leia a entrevista completa este sábado na edição de papel do SOL.