Marcelo com afetos para dar e vender

Estabilidade política e popularidade que rebenta com a escala. 2016 não podia ter corrido melhor ao Presidente da República. Conseguirá mantê-las para o ano?

Marcelo com afetos para dar e vender

O Presidente dos afetos. É assim que Marcelo Rebelo de Sousa é carinhosamente descrito. Característica que tem vindo a pautar o seu mandato e que deverá continuar nos anos que lhe restam no comando da Nação. Onde quer que vá, é acarinhado por uma multidão de populares. Marcelo, como o tratam, cumprimenta, conversa, tira selfies. Tudo com um sorriso de orelha a orelha e sempre com uma palavra simpática. Comportamento que extravasa os poderes presidenciais ou pouco digno de um chefe de Estado? As opiniões divergem. Um fenómeno de popularidade, isso é inegável – que o digam as sondagens.

Em 2016, o Presidente da República foi presença constante na televisão, comentando os mais diversos temas da atualidade, fossem eles de cariz político ou não – contrariando a imagem austera do seu antecessor, Cavaco Silva.

Um Presidente que vem «da esquerda da direita», slogan de campanha que quis cumprir nestes nove meses de mandato. As relações com o primeiro-ministro e com o Governo não podiam ter corrido melhor. A cereja no topo do bolo foi a promulgação do Orçamento do Estado para 2017. Documento aprovado para garantir «estabilidade financeira e política», algo «essencial à consolidação do sistema bancário». E não só: «aumentar a esperança dos portugueses no futuro. Foi esse o objetivo que presidiu à promulgação do orçamento para 2016 e é isso que preside à promulgação do orçamento para 2017. Mais esperança para o futuro de Portugal».

Ainda assim, Marcelo não deixou de enumerar quatro desafios «sérios e fundamentais para a execução» do documento. São elas a «imprevisibilidade no mundo e na Europa»; a importância de «mais crescimento económico» de modo a «garantir a sustentabilidade do rigor orçamental»; «atenção à conclusão do processo de consolidação do sistema bancário» e o «desafio do aumento das exportações».

Menos positivas foram as relações com o PSD, em particular com Pedro Passos Coelho. Ainda assim – ou talvez por isso – o chefe de Estado convidou o líder da oposição para almoçar esta quinta-feira.

Marcelo irá com certeza continuar na sua missão de afetos e de promoção de estabilidade política em 2017. Resta saber se a estratégia continuará a dar frutos.