Novo Banco. Bloco rejeita venda a “um fundo-abutre”

Bloco de Esquerda considera que “não resta nenhum argumento para a entrega a privados”

O Bloco de Esquerda garante que são cada vez mais as vozes a defender a nacionalização do Novo Banco e que o governo já não tem argumentos para avançar com a venda. “Não podemos admitir que o governo pague para o entregar a um fundo-abutre, seja o Lone Star, o Apollo ou a Fosun. Os interesses de lucros de curto prazo de fundos de investimento não estão alinhados com o interesse nacional e, sendo já claro que o dinheiro dos contribuintes não será devolvido e que, pelo contrário, o Estado continuará a pagar por perdas futuras mesmo vendendo o banco, não resta nenhum argumento para a entrega a privados do Novo Banco”, diz a resolução política aprovada na mesa nacional do BE no domingo.

Os bloquistas querem que “o Novo Banco público” permita “uma visão clara da sua missão de promoção do investimento capaz de aumentar a capacidade produtiva e o emprego no país e também a responsabilização de quem criou sucessivos buracos financeiros no banco. Assumir a propriedade pública e gestão pública do Novo Banco tem uma dupla vantagem: permite uma gestão a prazo que minimize perdas diretas e indiretas e aumenta a intervenção pública na banca”.

mentiras do Banco central O documento defende ainda que o processo de venda do Novo Banco veio desmascarar “as mentiras de PSD/CDS e do Banco de Portugal” sobre a resolução do BES. “Nenhum privado pagará pelo Novo Banco um valor próximo dos 3,9 mil milhões que o Estado já entregou ao Fundo de Resolução. Pelo contrário, os privados que se candidatam à compra exigem mais garantias ou capitalizações pagas pelos contribuintes. Nem a resolução foi sem custo para os contribuintes, nem o Novo Banco ficou limpo, nem o salário milionário de Sérgio Monteiro serviu para garantir uma boa venda.”

DESAGREGAÇÃO DO EURO

A resolução política aprovada pelos bloquistas defende ainda que “é urgente iniciar um processo de reestruturação da dívida, à margem da decisão europeia que nunca virá”, porque “é hoje mais provável a desagregação do euro do que um processo europeu que responda à crise das dívidas”. Perante este cenário, Portugal tem de “ter uma proposta preparada”.

O Bloco alerta que, perante as eleições em vários países e a instabilidade na banca a nível europeu, Portugal “está numa situação de enorme vulnerabilidade e é irresponsável contar com qualquer bom senso das instituições europeias”.