A RTP bateu no fundo

A maior burrada de Passos Coelho foi a RTP. Miguel Relvas tinha um plano para a RTP que foi desaparecendo, muito por concessão ao CDS-PP – que sempre quis deixar tudo como estava.

Miguel Relvas foi substituído por Miguel Poiares Maduro, que é um estrangeirado. Excelente pessoa, cheio de boas intenções, cheio de amor pela pátria, mas completamente a leste dos joguinhos de poder da capital. 

Poiares Maduro passou então a ser o ministro com a tutela da RTP. Sonhou com uma televisão pública independente do poder político, à semelhança do que sucede em vários países civilizados onde já viveu. Só que, por viver fora de Portugal há muito tempo, esqueceu-se que o país é diferente. Desde logo, porque Portugal – juntamente com a Grécia – é o único país da OCDE com grande peso da extrema-esquerda, e onde a imprensa, jornalistas e redações são esmagadoramente de esquerda.

O modelo engendrado pelo ministro, assente num Conselho Geral Independente, devia ter feito soar campainhas de alarme, mas não fez. Em Portugal, na língua de pau habitual, ser independente significa ser de esquerda. Quem é de direita geralmente não diz nada. Quem proclama que é independente está eufemisticamente a dizer que é de esquerda; ou que aceita qualquer sinecura pública que lhe queiram arranjar, fazendo o que lhe mandam fazer; ou as duas coisas juntas. 

Passos Coelho ou estava muito ocupado com a governação ou foi muito cândido quando aceitou o modelo concebido pelo seu ministro.

Mas este lá se firmou, tendo sido escolhido para presidente do Conselho de Administração uma pessoa de perfil muito técnico, Gonçalo Reis, da célebre escola económica de Chicago, que já havia desempenhado funções na RTP no tempo do ministro Nuno Morais Sarmento. Mas o poder efetivo, o poder de mandar, ficou nas mãos de Nuno Artur Silva, o dono das Produções Fictícias e conhecido apoiante de António Costa. Em 2009 e 2013 não faltou sequer à tomada de posse de Costa como presidente da CML, na praça do Município. 

Na informação, a RTP começou por ter um diretor, Paulo Dentinho, que entretanto foi perdendo espaço e relevância. Atualmente, acumula diretores de informação às camadas, sendo que o último, António José Teixeira, até o foi buscar à concorrência. Da SIC também trouxeram a jornalista/pivô Ana Lourenço. Para além do dinheiro que custa ao erário público ter tantos diretores de informação, a eficácia é mais do que duvidosa. 

A RTP está moribunda. A informação é completamente amorfa e serve despudoradamente o Governo da ‘geringonça’. O presidente faz de corta-fitas e o homem que manda faz repescagem nas Produções Fictícias. A RTP não tem audiências, perdeu a relevância e a credibilidade. A entrevista ao foragido Pedro Dias pela jornalista da RTP deveria ter feito cair a direção de informação.

Nenhum jornalista fala sobre o assunto porque tem medo de ficar sem emprego. Nenhum político fala sobre o assunto porque tem medo de não voltar a ser convidado para fazer comentário.

O Governo da ‘geringonça’ reverteu tudo o que o anterior Governo pafiano tinha feito. Tudo, tudo, exceto uma coisa: a RTP. Agora adivinhem porquê.