Cerimónias fúnebres. Porquê uma salva de 21 tiros?

Tradição terá começado na Idade Média

Há instantes, durante o funeral de Estado de Mário – e já com o corpo do fundador do PS no cemitério dos Prazeres – foi disparada no rio Tejo uma salva de 21 tiros, a partir de uma embarcação da Marinha.

As salvas de artilharia fúnebres são utilizadas para homenagear governantes e militares e costumam ser realizadas pelo ramo das Forças Armadas à qual pertencia o homenageado. Neste caso, como antigo Presidente da República e ex-chefe das Forças Armadas, o protocolo português incumbe a Marinha deste ato. É na Marinha, aliás, que a tradição das salvas de artilharia – tanto as festivas como as fúnebres ­ – está mais enraizada.

O número máximo de tiros disparados está fixado no 21, está reservado às mais altas patentes e vai diminuindo consoante a importância do homenageado. Os tiros são disparados em intervalos regulares de cinco segundos. Mas porquê 21?

Uma das teorias tem início na Idade Média, quando eram disparados três tiros nos funerais – em representação do Pai, do Filho e do Espírito Santo – para afastar os maus espíritos. Com o passar dos anos, houve uma junção das salvas disparadas por ocasião fúnebre ou de gala e ter-se-á fixado nas 21.

Outra teoria está relacionada com a chegada dos navios a outros territórios, após a qual disparavam sete salvas para avisar sobre a sua chegada. As salvas deviam ser respondidas três vezes pelas fortificações em terra, o que perfaz 21 tiros.

As salvas de 21 tiros não são uma realidade reservada às instituições militares portuguesas: por exemplo o Brasil, o Reino Unido e os Estados Unidos seguem o mesmo pressuposto.