Ambulâncias retidas nos hospitais por mais de uma hora

Espera nas urgências está a reter ambulâncias nos hospitais. Pico pode já ter chegado mas evolução da epidemia não é certa. 

Como já vem sendo habitual, e depois de a tutela já ter negado qualquer rutura nos hospitais, do terreno continuam a chegar relatos de forte congestionamento. Fonte do Instituto Ricardo Jorge indicou ao SOL que cada vez há mais situações em que ambulâncias ficam retidas nos hospitais por mais de uma hora enquanto se aguarda que os doentes transportados passem pela triagem e libertem a maca do Instituto Nacional de Emergência Médica ou dos bombeiros, que é necessária para que a viatura volte ao terreno. «Há hospitais onde chegam a estar seis ambulâncias paradas à espera, o que pode comprometer a disponibilidade de meios de socorro», indicou a mesma fonte.

Questionado pelo SOL, o INEM disse não ter conhecimento formal destas situações, reconhecendo, porém, que é algo que acontece «não só nesta altura mais crítica mas ao longo de todo o ano quando há maior afluência às urgências».

Nestas situações, os chefes de equipa de ambulâncias devem transmitir aos chefes de serviço nas urgências a necessidade de libertarem o meio. «A situação é regra geral prontamente resolvida».

O Diário de Notícias avançou, entretanto, que há hospitais que, perante a dificuldade de resposta, já pediram ao 112 para não direcionar para as unidades os encaminhamentos urgentes processados pelos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU).

O Hospital Amadora-Sintra terá sido uma das unidades a ativar esta cláusula do plano de contingência montado a nível regional. A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, contactada pelo SOL, não fez qualquer esclarecimento sobre esta situação.

Na semana passada também o Hospital de Setúbal chegou a ‘fechar a porta’ a mais pedidos durante algumas horas. Nestes casos, os doentes são automaticamente enviados para os hospitais que estejam mais libertos.

Ontem, à hora de fecho desta edição, continuavam a verificar-se tempos de espera elevados em alguns hospitais.

Em São José havia uma espera de 3h42 para doentes urgentes, que devem ser vistos no prazo máximo de uma hora. Em Braga havia também registo de quatro horas de espera para doentes urgentes. No Hospital de São João, no Porto, a espera era de 2h39.

Ainda assim a situação, com base na monitorização disponível no portal do Serviço Nacional de Saúde na internet, parecia mais calma do que nos dias anteriores. As noites são o período mais difícil. O tempo de espera chega a passar as dez horas, sobretudo para doentes com situações menos urgentes.

A gripe apanha também os médicos e enfermeiros que estão a trabalhar e, apesar da recomendação da Direção Geral da Saúde para que os profissionais de saúde façam a vacina, os indicadores tendem a ser baixos. Na época de 2015/2016 a vacinação dos profissionais de saúde foi da ordem dos 45% nos centros de saúde e de 24% nos hospitais. Segundo o SOL apurou, no serviço de pediatria do Hospital CUF Descobertas, cerca de 30% do pessoal está de baixa, a maioria com gripe. O absentismo estaria a causar dificuldades de pessoal. Contactado para a esclarecer o impacto desta situação, o grupo José de Mello Saúde negou dificuldades e diz que as equipas foram reforçadas.