BCP. BCE dá luz verde ao reembolso antecipado de 700 milhões ao Estado

O banco prepara-se para avançar com um aumento de capital no valor de 1,3 mil milhões numa operação que arranca a 19 de janeiro

O BCP já recebeu luz verde por parte do Banco Central Europeu (BCE) para devolver os 700 milhões de euros que ainda deve ao Estado de CoCos — obrigações convertíveis, já que no final do ano passado tinha amortizado 50 milhões de euros da ajuda estatal concedida em 2012. Esta devolução será possível com o aumento de capital de 1,3 mil milhões de euros aprovado, esta segunda-feira, pelo conselho de administração. Esta autorização do BCE revela que Mario Draghi estará confortável com os rácios da instituição financeira após esta operação.

O aumento de capital vai permitir que o banco não só salde a dívida que tem com o Estado como também reforce os rácios de capital para valores na ordem dos 11%, acima do exigido pelo BCE.

Títulos em queda livre

As ações da instituição financeira reagiram em forte queda durante a sessão de ontem, depois de o banco liderado por Nuno Amado ter anunciado a emissão de novos títulos. As ações fecharam a sessão a cair 11,34% para os 0,9231 euros, o valor mais baixo de sempre, mas chegaram a derrapar mais de 16%.

“A queda dos títulos do BCP é uma reação natural ao anúncio de aumento de capital, sendo provável a continuidade da tendência em baixa neste contexto atual de elevada incerteza”, revelou ao i o gestor da XTB José Correia, acrescentando ainda que “a possibilidade de valorizações pós-aumento é consideravelmente inferior ao cenário- -base de continuação de desvalorizações, pelo que negociar este ativo se apresenta como uma alternativa arriscada”.

A operação prevê a emissão de 13 830 milhões de ações, a um preço de 0,094 euros, ou seja, 9,4 cêntimos, revelou o banco em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Após a operação, o BCP valerá 2283 milhões de euros, o que significa que o preço teórico do banco após o destaque dos direitos de subscrição é de 0,1546 euros. É sobre este valor que o preço das novas ações representa um desconto de 38,6%, salientou o banco.

Reforçar negócio na China

A operação de aumento de capital está garantida pela Fosun – que já é o maior acionista do banco liderado por Nuno Amado –, que se comprometeu a subscrever 31% do aumento de capital, e por um consórcio de bancos internacionais composto pelo JP Morgan, Goldman Sachs, Bank of America Merrill Lynch, Crédit Suisse e Mediobanca.

O grupo chinês prepara-se para investir um máximo de 531 milhões de euros nesta operação e já veio explicar os motivos deste reforço de capital. A Fosun quer ajudar o BCP a reforçar o negócio na China, bem como melhorar a rentabilidade do banco. Ao mesmo tempo, a instituição liderada por Nuno Amado vai servir como plataforma para a Fosun expandir o negócio na Europa e em África.