Rui Rio, um perigoso opositor (de todos)

Em cartas enviadas ao Público, Rui Rio defende que a nacionalização temporária do Novo Banco pode fazer sentido. Nacionaliza-se (há precedentes para argumentar em Bruxelas, como a nacionalização temporária feita pelos britânicos de 43% do Lloyds), injeta-se (no mínimo) 750 milhões de euros para recapitalizar o banco, depois procede-se à sua recuperação e, no fim,…

A solução que Rui Rio propõe não é nova, está neste momento a ser aplicada no muito liberal Reino Unido: nacionalizaram 43% do Lloyds (cujo CEO é o português António Horta Osório), que mesmo assim se manteve como o maior banco de Inglaterra e do país de Gales, recuperam-no, e, depois, aos poucos, vão-no privatizando. O Reino Unido deixou, justamente, ontem, de ser o maior acionista do banco.

Portanto, pode ser uma boa solução. O que é curioso no meio desta história é como Rui Rio não tenho o menor pejo de falar contra as posições de Passos Coelho. Coelho fala no Diabo, parecendo ignorar que, para muitos portugueses, pela austeridade que impôs, ele próprio é uma encarnação do mafarrico.

Rui Rio não tem essa carga negativa. Fez boas obras no Porto, reestruturou a câmara, impôs uma disciplina financeira férrea, mostrou coragem opondo-se a Pinto da Costa (figura temida naquela cidade), é sensato a falar, não tem cegueira ideológica (se tivesse opunha-se à nacionalização do Novo Banco), e “entra” muito bem no eleitorado do centro.

Para mim, ele é um adversário muito mais perigoso para António Costa do que Passos Coelho. Este último que se cuide pois, como todos sabem, os seus dias como líder da oposição podem estar contados.