Mundial 2017. A alegria dos franceses pode estar a chegar

Arrancou a 25.ª edição do Campeonato do Mundo de Andebol em França. Os anfitriões são os favoritos, mas há (várias) ameaças entre as 24 seleções presentes

Seis meses depois do desgosto na final de Paris, que encerrou o campeonato europeu de futebol com a histórica vitória portuguesa, a França voltou, esta quarta-feira, a receber um Campeonato do Mundo.

A 25.ª edição do mundial de andebol estende-se pelas cidades de Paris, Metz, Lille, Nantes, Albertville, Montpellier, Brest e Ruão, e a equipa francesa espera, desta feita, revalidar o título depois de ter conquistado o ouro no último mundial disputado no Qatar, em 2015. Só a seleção espanhola conseguiu colocar um travão na série vitoriosa dos franceses, ao vencer o mundial de 2013. Antes, a equipa francesa tinha conquistado o bicampeonato com a vitória no mundial de 2011, na Suécia, dois anos depois do sucesso atingido – ou seja, medalha de ouro -, na Croácia. Mais recentemente a seleção de andebol anfitriã deste campeonato mundial foi também medalha de prata nos Jogos do Rio, em agosto de 2016, depois de ter saído derrotada na final, diante da Dinamarca, por 28-26. Uma coisa é certa: aconteça o que acontecer Portugal não marca presença para atrapalhar, mas sobre isso falaremos mais adiante.

Mãos de ouro?

A França é, indiscutivelmente, a grande vencedora no conto geral da história dos campeonatos do mundo de andebol. Desde a primeira edição, disputada em 1938, na Alemanha, até aos dias de hoje a equipa de andebol francesa conquistou cinco das 24 medalhas de ouro atribuídas, sendo que no saldo final regista ainda uma medalha de prata e três de bronze. No entanto há mais quatro seleções, entre as 24 em competição, que são também elas consideradas potencias candidatas ao troféu, que será entregue a 29 de janeiro. A Suécia (com quatro títulos mundiais), a Alemanha (campeã europeia e detentora de dois títulos mundiais), a Espanha (duas vezes campeã mundial) e a Dinamarca (campeã olímpica) são as principais ameaças para a seleção comandada por Didier Dinart.

Portugal ausente desde 2003

Há 14 anos que o campeonato do mundo não conta com presença lusa. A última aparição lusitana na prova foi em 2003, ano em que Portugal foi o país eleito como sede do Campeonato do Mundo da modalidade. “Uma vitória notável para o andebol português e para o País” referiu Luís Santos, Presidente da Federação de Andebol de Portugal (FAP), à data. Na altura a seleção portuguesa, liderada pelo espanhol Javier Garcia Cuesta, terminou a prestação a meio da tabela, no 12.º lugar, com a Croácia a sagrar-se campeã mundial, depois de destronar a Alemanha – apontada à vitória – no Pavilhão Atlântico, em Lisboa.

Voltando ao presente, ou mais precisamente a um passado próximo, o carimbo necessário para a seleção portuguesa voltar aos grandes palcos do andebol, na edição a decorrer em França, foi roubado pela Islândia em junho de 2016, altura em que foi discutido o playoff de acesso ao Mundial 2017. Depois de na primeira mão os islandeses mostrarem a superioridade com uma vantagem de três golos sobre a seleção portuguesa (26-23) a decisão foi empurrada para o Dragão Caixa, atual pavilhão do FC Porto. O objetivo passava por anular a diferença de três golos para conseguir o desejado apuramento. Apesar do triunfo luso, a vitória pela margem mínima (21-20), não foi suficiente e a Islândia saiu do Norte com o apuramento garantido. A seleção islandesa marca agora presença no Grupo B, onde irá defrontar a Espanha, Eslovénia, Tunísia, Macedónia e Angola [ver caixa]. No que toca ao histórico português a última presença num torneio internacional aconteceu há mais de uma década, corria o ano de 2006, e, jogo a contar para o Campeonato da Europa de andebol, na Suíça.

Segurança reforçada

Desde 2015 que a França tem sido um dos países-alvo do terrorismo. As marcas deixadas pelos ataques ao longo dos últimos dois anos são uma realidade que ninguém quer esquecer. Por essa razão a segurança (reforçada) é um dos fatores mais valorizados em torno da competição. Um dos pedidos específicos direcionados aos jornalistas foi a não divulgação das fachadas dos hotéis onde estará instalada a seleção francesa, ao longo do evento desportivo. A par dessa medida também os horários e os locais dos treinos devem permanecer em sigilo absoluto. No âmbito dos jogos serão disponibilizados cerca de 80 seguranças com a missão de examinar todo o recinto, antes e depois de cada encontro.

Arranque glorioso

O jogo inaugural do campeonato do mundo colocou os anfitriões franceses diante da seleção brasileira. Com a Accorhotels Arena lotada, a equipa da casa voltou a provar a razão de ser a detentora do título de campeã mundial. O resultado final (31-16) espelhou o absoluto domínio dos Bleus em relação à equipa do técnico, recém- -contratado, Washington Nunes. Destaque para o capitão Thierry Omeyer, da França, e para Porte, autor de seis dos 31 golos da França, num jogo em que a equipa brasileira se viu desfalcada do capitão e peça-chave Thiagus Petrus.