Refugiados em risco de morrer com o frio grego

Bruxelas e Atenas trocam acusações sobre proteção.

Refugiados em risco de morrer com o frio grego

Centenas de requerentes de asilo têm pouco mais do que tendas e cobertores para enfrentar o pior inverno grego dos últimos 15 anos, que cobriu dezenas de centros de acolhimento com neve.

Na quarta-feira, por exemplo, um navio da marinha grega atracou em Lesbos para acolher meio milhar de pessoas que tentavam escapar às temperaturas abaixo de zero. Se o governo admite que as condições nos centros de acolhimento são graves, pior ainda é a situação nas ilhas, onde centenas vivem em acampamentos improvisados, esperando ser transferidos para o continente.

“Isto é insustentável”, afirma Roland Schoenbauer, porta-voz da agência da ONU para os refugiados. “Isto mostra o que acontece quando se tenta pôr demasiadas pessoas nestes campos”, diz, à medida que organizações começam a ver casos de queimaduras de frio e a alertar para o risco de refugiados poderem morrer com hipotermia. Esta semana morreram 73 pessoas nos países do norte e sul da Europa.

A Comissão Europeia afirma que a culpa é de Atenas. “A situação é insustentável”, afirmou um porta-voz de Bruxelas esta semana. “Temos de ser claros: assegurar as condições adequadas de receção e gestão dos centros de refugiados é, antes do mais, uma responsabilidade fundamental do governo grego”, lançou a Comissão, irando o governo de Alexis Tsipras, que acusa a comunidade europeia de não estar a fazer o prometido e de ter apenas recolocado uns 10% das dezenas de milhares de refugiados com que se comprometeu.

O Ministério da Imigração grego, porém, que ainda há poucas semanas assegurava estar a preparar-se para os dias frios, reconhece a situação grave e diz estar a preparar um plano para transferir temporariamente refugiados para hospitais.