Como Cristas entalou Passos, e o Estádio do Fundão

Em primeiro lugar, de destacar a inabilidade de Passos Coelho em não apoiar a candidatura de Conceição Cristas para a presidência da Câmara Municipal de Lisboa. Com a direita dividida, dificilmente a vitória escapará a Fernando Medina e ao PS. 

A direita, coligada, teve durante dez anos um presidente da CML de Lisboa, que era militante do CDS: Krus Abecassis. Passos Coelho, como mora em Massamá, talvez não tenha conhecimento do facto.

Fernando Medina e o PS parecem ter assim estar destinados a continuar à frente da CML, tanto mais que o investimento público, apoiado por fundos Europeus, vai subir 21% este ano, sendo que uma parte substancial irá para a reabilitação urbana em Lisboa (segundo o DN). Os senhorios arruinados ficarão gratos. Mesmo assim, é legítimo questionar se não haveriam investimentos melhores, como os que vão ser feitos em duas centrais de biomassa (produção de eletricidade a partir dos resíduos que a natureza nos deixa) e, para não sair da floresta, do contrato de investimento entre a produtora de pasta de papel Altri e o Estado, que será assinado amanhã na Figueira da Foz, destinado à modernização inovadora de uma das três fábricas de papel que a empresa tem. Pasta de papel: um bem transacionável, cotado e transacionado nos mercados internacionais. Em suma, é este o tipo de investimentos que precisamos. A fonte da notícia é o Jornal de Negócios, que cita a Lusa.

Porque nem todo o investimento público é bom. No MBA, em Economia 1, o Prof. Daniel Bessa fez-nos calcular o impacto na economia da construção do 11º Estádio do Euro 2004, o Estádio do Fundão (Guterres é do Fundão…). O resultado do exercício foi claro: no fim da construção, o tamanho da economia diminuía. É bom que não nos esqueçamos com o que aconteceu de facto com o Euro 2004: crescimento rápido da economia no trimestre em que decorreu o campeonato, e no trimestre seguinte a economia parou, como se tivesse batido contra uma parede.

Por isso, aposto mais em benefícios duradouros para a economia portuguesa do investimento na fábrica da Altri do que na reabilitação urbana, que pode criar temporariamente empregos e render votos, mas cuja única consequência económica duradoura que eu vejo é o aluguer de quartos.

O que eu queria mesmo era ver a construção ou modernização de fábricas de automóveis ou de aviões. Eu sei que isso está a ser feito, mas é preciso mais.