O “comício interno” de Costa em pleno debate

António Costa fechou o debate quinzenal com uma cena pouco comum: duas ovações de pé da bancada do PS. Em oposição à oposição, o primeiro-ministro desmontou aquela que tem sido a tese principal de PSD e CDS em relação ao Programa de Estabilidade: a ideia de que haverá um plano B com mais austeridade.

O “comício interno” de Costa em pleno debate

"Estes debates revelam bem a dificuldade que a oposição tem em atacar as medidas do Governo", disse Costa, em jeito de balanço do debate quinzenal no Parlamento, lembrando que nas últimas semanas sobretudo o CDS tem acenado com a ideia de que há medidas escondidas e lembrou que há quinze dias Assunção Cristãs levantava a hipótese de uma delas ser o aumento da taxa de IVA normal.

"Amanhã é que é. Mas os amanhãs vão passando. Vão-se transformando em hoje. Vão-se transformando em ontem. E nenhuma das desgraças se vai concretizando", ironizou Costa, desmontando a estratégia da direita.

Em tom sarcástico, o primeiro-ministro saudou Cristãs por esta semana ter levantado a hipótese de um aumento do IMI em 2017 em vez de uma subida do IVANA em 2016, como no debate de há quinze dias. "Em vez de um papão para quinze dias, arranjaram um papão para o final do ano", comentou, defendendo que os centristas "fizeram bem".

"Mas não se faz oposição ao papão. Faz-se oposição quando se tem alternativas de política ", lançou, afirmando que as políticas do seu Governo provam a alternativa e que é possível compatibilizar as regras europeias com o alívio da austeridade.

"Não estamos aqui a invocar a troika para aplicar o programa que queremos aplicar", disse , arrancando aplausos entusiasmados da bancada socialista.

Um "comício interno", diz o PSD 

Numa interpelação à mesa sobre o documento que esta quinta-feira fez a manchete do i, Luis Montenegro chamou mesmo a este momento o "comício interno" de António Costa.

O líder da bancada social-democrata quis que o primeiro-ministro explicasse o documento entregue durante o debate em resposta às perguntas que fez sobre o programa de contingência a que faz referência o i.

O documento acabou por ser distribuído aos jornalistas no final do debate e consiste num quadro que detalha os valores do quadro principal que está no Programa de Estabilidade.

O quadro contém a referência às cativações por áreas de despesa do Estado e António Costa assegura que não se trata nem de medidas escondidas nem de cortes adicionais.

"É uma discriminação dos valores agregados. Este documento não é nenhum programa de contingência. Este documento é aquilo que eu disse que era. É um documento de trabalho que não é nem secreto nem escondido", garantiu Costa.