Espanha volta à casa de partida

Dois dias inteiros de reuniões, segunda e terça-feira. Felipe VI ainda tinha esperança que dessas conversas saísse uma solução para que Espanha pudesse finalmente ter governo. 

Espanha volta à casa de partida

Mas não saiu. Derrotado depois de três meses de tentativas, Pedro Sánchez, do PSOE, informou na terça-feira o Rei espanhol de que não tem apoios suficientes para formar governo. “Não conto com votos suficientes para desbloquear o bloqueio do PP e do Podemos. Não posso nem devo submeter-me a uma nova investidura. Estamos a caminho de novas eleições”, anunciou o líder do PSOE.

E foi a partir daqui que todas as esperanças de Felipe VI caíram por terra. Ainda assim, o prazo de Sánchez para formar governo apenas termina na próxima segunda-feira, dia 2. Só depois desse dia o rei espanhol deverá anunciar novas eleições, que deverão acontecer a 26 de junho: Espanha voltou à casa da partida depois de quatro meses de impasse político em que a troca de acusações e as divergências entre partidos impediram que se chegasse a um acordo. Apesar de o Rei não o ter dito, confirmou-o o porta-voz da assembleia, Patxi López: “Sem candidatos com apoio suficiente para aspirar a uma investidura, espera-se assim, no próximo dia 2 de maio, o decreto de dissolução do Parlamento e a convocação de novas eleições”.

A pensar já na campanha e nas próximas eleições está Pablo Iglesias do Podemos. Com o objetivo de conseguir formar a segunda maior força política de Espanha – como as várias sondagens já chegaram a indicar – Iglesias anunciou esta semana querer formar uma coligação com a Izquierda Unida.

Mais afastado de todas as negociações que ocorreram ao longo destes últimos quatro meses esteve o líder do PP, Mariano Rajoy. Mas o afastamento não lhe tirou qualquer popularidade.

Segundo várias sondagens que têm sido divulgadas pela imprensa espanhola, Rajoy continua a manter a liderança que já tinha conseguido em dezembro passado, aumentando até o número de assentos – segundo as projeções o PP vai atingir 127 lugares, contra os 123 de dezembro. Também o PSOE mostra uma subida de 90 para 95 assentos. A surpresa está no Podemos, que é o único a demonstrar uma descida brutal: passou de 69 para 46. O que permitiu o aumento do Ciudadanos, que ao momento está bastante próximo: em dezembro tinha 40 assentos e agora as sondagens atribuem-lhe 45.

Contudo, fazendo as contas à coligação entre Podemos e Izquierda Unida, o número de assentos sobe e, durante as sondagens desta semana, variou entre o segundo e o terceiro lugar ainda que por muito pouco, apresentando uma distância de apenas 0,7% do PSOE.

Todas estas sondagens apontam para que em junho aconteça o mesmo que sucedeu em dezembro: nenhum partido conseguirá alcançar a maioria absoluta.