A meses de completar 12 anos como líder do Partido Popular (PP), Rajoy sofre mais o desgaste dos sucessivos escândalos de corrupção no seu partido do que propriamente pela austeridade que se viu obrigado a impor no país. Ao explicar a sua rejeição a um pacto com o PP, o líder do Ciudadanos – partido que contava com deputados suficientes para garantir estabilidade a um novo mandato de Rajoy – é explícito: “Esta nova etapa requer coragem para agir. Quem não conseguiu nem quis limpar a sua casa de corrupção, como é que vai acabar com a corrupção em Espanha?”, questionou sexta-feira durante a última sessão de investidura frustrada nas Cortes.
Mas se a opinião sobre Rajoy é partilhada com o socialista Pedro Sanchéz, o mesmo já não se pode dizer em relação ao líder da nova esquerda espanhola – Pablo Iglesias, do Podemos.
Rivera recusa-se a entrar no Governo com as condições exigidas por Iglesias, que reivindicou cerca de metade dos ministros do Executivo para o partido que terminou em terceiro na votação de dezembro. E, diga-se de passagem, à esquerda a admiração pelo Ciudadanos também não é a maior: quando Iglesias sujeitou a um referendo interno a aceitação de um pacto governamental com PSOE e Ciudadanos, 88% responderam que não.
Caso a votação de junho confirme o que antecipam as sondagens – apesar de ligeiras alterações, os resultados aparentemente não permitirão a formação de alianças maioritárias face às atuais divergências -, o mais provável é que alguns dos partidos se vejam obrigados a mudar de líder.
E apesar destes meses também já terem revelado divisões internas no Podemos, Rajoy e Sanchéz são os principais candidatos. O conservador pelas razões já citadas, o socialista porque pode não ser capaz de silenciar a oposição interna que se gerou após um dos piores resultados eleitorais da história do partido. Nesse cenário é Susana Díaz, atual presidente do governo autónomo da Andaluzia, que se apresenta como principal alternativa.