Ex-deputado do CDS acusa PSD de enfrentar novo ciclo político pela via da secretaria e não pela via da democracia

Francisco Mendes da Silva, eleito pela lista do Porto do CDS e que assumiu funções no Parlamento entre a tomada de posse do segundo governo de coligação PSD/CDS e o dia da rejeição pela esquerda parlamentar do seu programa, acusou o PSD de, sim, ter uma estratégia para enfrentar o novo ciclo político mas que…

“O PSD ainda não tem estratégia para o atual ciclo político? Olha, se calhar tem. O problema é que não parece ir pela via da democracia, mas pela via da secretaria”, escreveu o ex-deputado hoje no Facebook, pouco depois do PSD apresentar a sua proposta de reforma eleitoral, onde se inclui a redução do número de deputados na Assembleia da República.

Mendes da Silva deixou fortes críticas à proposta dos sociais-democratas, defendendo que a proposta do PSD só iria beneficiar PSD e CDS. “Estou a falar da diminuição da representatividade parlamentar da sociedade portuguesa através da redução do número de deputados, que inevitavelmente afetaria mais, de forma desproporcionada, todos os partidos que não sejam o PSD e o PS”.

O centrista deixa ainda antever aquela que será a posição do CDS sobre o diploma do PSD. “Seja como for, o PSD precisa do PS, que está acorrentado ao PCP e ao Bloco. Valha-nos isso”. Até porque, esclareceu, em resposta aos comentários que entretanto foram publicados na sua página, “O CDS quer apenas não mudar o número de deputados que existe desde sempre na democracia portuguesa. Isso é jogada de secretaria”.

O ex-deputado e comentador do programa “Sem Moderação”, no canal Q, com João Galamba, Daniel Oliveira e José Eduardo Martins, ainda picou um dos seus seguidores, provavelmente militante da JSD, a avaliar pela resposta.

“Explique lá qual o magno problema da democracia portuguesa e do sistema político que exige a redução de deputados. Estou em pulgas para saber. Isto vem do mesmo espírito que levou à antecipação do congresso da JSD para que o presidente se pudesse recandidatar. Guardem essas brincadeiras para vocês”, escreveu.

“Como é que a redução de deputados aproxima os eleitos dos eleitores?”, questionou ainda.

Assunção Cristas, líder do CDS, lembrou em abril, à saída do congresso do PSD, no qual Passos Coelho voltou a colocar na agenda a necessidade de uma revisão ao sistema eleitoral, que na sua moção de candidatura essa questão [reforma do sistema eleitoral] já era colocada “no sentido de garantir a pluralidade partidária, no sentido de garantir uma proximidade aos eleitores e também uma melhor representação do interior”. E rematou: “São três linhas e objetivos que estão referidos na moção”.

De fora ficou, claramente, a possibilidade de reduzir o número de deputados.

O número mínimo de deputados previsto na Constituição é de 180. Atualmente são eleitos 230 deputados. A proposta do PSD hoje apresentada no Parlamento não fixa um número, apenas refere que é preciso reduzir os atuais 230 deputados.