Refugiados salvos por portugueses

Bastou ver as centenas de coletes salva-vidas espalhados pelas praias da ilha grega de Kos para se perceber que não passa só pela Grécia a responsabilidade de arranjar solução para a crise dos refugiados. Daí que vários países europeus sintam a necessidade de auxiliar a nação helénica a salvar milhares de pessoas que procuram refúgio…

O SOL esteve em reportagem na ilha grega de Kos a acompanhar os militares da Unidade Controlo Costeiro (UCC) da GNR destacados através da Agência Europeia de Gestão da Cooperação Operacional nas Fronteiras Extremas dos Estados-Membros da União Europeia (FRONTEX), na Operação Poseidon Rapid Intervention.

Maioritariamente o controlo da fronteira é feito durante a madrugada, pois é nesse período do dia que se dá a maior parte das tentativas de travessia do Mediterrâneo.

Em particular na ilha de Kos, encontram-se atualmente destacados 19 militares da UCC com uma lancha e uma viatura de vigilância marítima. Até ao momento nesta missão foram resgatados e deixados em segurança em solo grego 297 migrantes. Em terra, as operações ficam à responsabilidade do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, liderado também por um português. Aí tentam verificar a veracidade das palavras dos migrantes, se são ou não sírios, visto que todos os que chegam à Grécia vêm sem documentos, dizendo serem sírios porque sabem que os migrantes vindos da Síria têm asilo na Europa, coisa que os libaneses, iraquianos e sudaneses não têm.

Apesar da tentativa de diminuir os efeitos da entrada de migrantes, os locais queixam-se dos efeitos da crise no turismo. Segundo a associação de comerciantes de Kos a quebra foi de 50%. “Os refugiados destruíram-me o negócio”, desabafou ao SOL um concessionário das principais praias de Kos, que durante todo o ano de 2015 via chegar por dia entre cinco e seis barcos de borracha cheios de refugiados.

“Não queremos os hotspots cá em Kos”, ouve-se um pouco por toda a ilha por parte dos habitantes. Porquê? Segundo os mesmos, a criação de um hotspot – uma espécie de campo de refugiados – em Kos vai fazer com que o fluxo de migrantes volte novamente a aumentar e esse é o receio de todos os gregos residentes e principalmente dos empresários.

De acordo com a ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) a Grécia recebeu em 2015 1.350.007 pessoas. Outras 448 acabaram por morrer afogadas durante a travessia marítima entre a Turquia a Grécia.