Grécia. FMI quer garantias da Europa de alívio da dívida para entrar no terceiro resgate

Responsável desmente notícias de que o Fundo teria aceitado participar no resgate sem que ficasse já decidido um programa de alívio da dívida.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) garante que só participará no terceiro resgate à Grécia depois de receber garantias da Europa de que irá permitir um alívio da dívida.

Esta informação contraria assim as notícias de que o FMI teria cedido e aceitado participar no resgate sem que ficasse já decidido um programa de alívio da dívida pública helénica.

“Nesta altura, não temos totalmente essas garantias, mas temos os compromissos que os europeus assumiram e tenho esperança de que chegaremos lá”, afirmou um responsável do FMI, numa conferência telefónica com jornalistas na sequência do acordo alcançado na madrugada de quarta-feira para dar mais 10,3 mil milhões de euros ao governo de Atenas.

“Acho que, como sempre, existem compromissos e acho que foi importante chegar a um compromisso, porque a Grécia está numa situação em que precisa de uma transferência, portanto estivemos certamente dispostos a ceder em alguns pontos, mas não cedemos no facto de precisarmos de garantias adequadas no que diz respeito a um alívio da dívida antes de ir até ao nosso Conselho Executivo”, salientou o mesmo responsável, frisando que “ao contrário do que muitos na Europa queriam”, a nova injeção de dinheiro à Grécia não contará (ainda) com a participação do FMI.

Para a organização presidida por Christine Lagarde, algumas das medidas aprovadas pelo Eurogrupo, como as referentes ao diferimento dos juros, maturidades mais longas e um período de carência, não estão quantificadas.

“Se chegarmos à conclusão que estas medidas, mesmo quando quantificadas, não geram o alívio suficiente da dívida, haverá outra reunião do Eurogrupo para discutir o que fazer antes de irmos ao Conselho”, afirmou.

O responsável explicou que o Fundo precisa que “seja assegurado que o universo de medidas que a Europa está disposta a comprometer-se é consistente com aquilo que é necessário para um alívio da dívida” e “ainda não temos isso”.

Já para o Eurogrupo, na avaliação da sustentabilidade da dívida no longo prazo “não pode haver estimativas, apenas assumpções, dado o elevado grau de incerteza sobre os desenvolvimentos macroeconómicos”. 

Os ministros das Finanças da zona euro deixam, no entanto, em aberto a possibilidade de discutir a reestruturação da dívida grega em meados de 2018, discussão esta sujeita à concretização total do programa. 

A Grécia irá receber 10,3 mil milhões de euros, distribuídos por várias tranches. A primeira, no valor de 7,5 mil milhões de euros, deverá ocorrer em junho, permitindo assim o pagamento de alguns empréstimos do FMI e do BCE.