Rock in Rio. A febre de sábado à tarde é culpa dos Capitão Fausto

E daí talvez não. Mas se não era virou, o Palco Vodafone nunca esteve tão bem

Ao fim de toda e qualquer rampa de perder o fôlego há uma recompensa. E aqui é mais do que recuperar a respiração. Os loucos pela roda gigante não esperam assim tão mal, a fila vai longa mas enquanto isso há boa música, é que nem em Londres há disto. E nós só não lá vamos porque filas, e convém também dizer que o mesmo se aplica a alturas, não é connosco. Por isso e porque os Capitão Fausto estão quase a entrar no Palco Vodafone.

Faltavam dez minutos para as 18h e parecia compor-se uma bela paisagem para receber estes cinco benditos, rapazes que pela primeira vez mostram "Capitão Fausto têm os dias contados" num palco desta dimensão, com tudo a querer saber como se dança esta nova onda menos turbulenta e psicadélica, por outras palavras tentar perceber como vai com o vento da Bela Vista esta atitude de gente adulta que agora parecem envergar, como os próprios dizem no disco já lá vão os tempos da mocidade.

Chegaram em ponto, até nisto estão diferentes, nunca foram tão pontuais na vida, o Palco Vodafone nunca esteve tão composto, e ainda bem, resta apenas saber se este é o público que a seguir desata a correr para ver os D.A.M.A. Os Capitão começam em modo meteorologia, "está a chover na sala de estar", aqui ainda não mas não demora. E claro, como diz a letra, ninguém parou de dançar.

Tempo de seguir com as novas canções, que aqui neste palco é coisa melosa, que se pega, toda a gente se agarra, ainda que peçamos o favor de não se confundir isto com danças de salão, estamos ainda numa praia rock, de um bom gosto raro na música nacional. "Tem de Ser" e "Mil e Quinze" fazem essa coisa de propagar o amor e de garantir, ao mesmo tempo, que o melhor é "cada um no seu lugar", frase que roubamos para insistir que este Palco Vodafone é um festival à parte dentro do Rock in Rio. E o sol, à boleia deste Capitão, regressa à cidade do rock.

Nas primeiras filas, e na sua constante festa, parece estar mais uma prova de que estes rapazes estão mais populares do que nunca, com a diferença que isso na sua música não significa pior, bem pelo contrário. Aqui aterram sem problemas nem nervosismos, "corpo de homem feito", portanto. "Dias Contados" ensina a lição a esta gente nova que por aqui está, aquela coisa de saber que é bom não ter que fazer o jantar mas que não podemos não saber cozinhar para sempre. "Amanhã Tou Melhor" é a cereja no topo, aqui onde não cabem todos os seus fãs, já se diz o refrão de cor, estes fãs parecem também querem decidir o que vão parecer, nada como o Rock in Rio para o efetuar na perfeição.

"Morro na Praia" é a despedida que mais se queria, momento meio solene meio irónico, brindado antecipadamente com um "obrigado Chelas".