Rock in Rio. O samba é à prova de temporal

Ivete Sangalo nunca desilude. Aos 44 anos a promessa cumpriu-se e a chuva, melhor dizer o samba, afastou a atmosfera cinzenta

Ivete Sangalo já é tradição, embora costume ser coisa para se consumir ao sol, mais pela tarde. A novidade do horário trouxe também a chuva, mas a musa do Rock in Rio resiste a tudo, vence até o tempo adverso. É a mulher continua em forma, as pernas ao alto, outra tradição em curso.

Qual chuva, Ivete Sangalo não é moda, apressa-se a berrar "vamo esquentar Rock in Rio". E bem que esquenta, que até já se fazem comboios.

Sorte a nossa, ao nosso lado um bando de 8 adolescentes parecem ter o momento mais feliz da sua vida, ao som de "Abalou", o que só por isso, se não for por mais nada, tem o seu quê de beleza juvenil. E se a chuva vai e volta, a brasileira, do seu lado, não tira folga, dança sem parar e com ela vai tudo, um concerto abençoado. As miúdas aqui do lado trazem mesmo coreografia, e se for de momento estão coordenadas na perfeição, justiça lhes seja feita. A nós cabe-nos dizer que percebemos os momentos mais íntimos, quando Ivete pega na guitarra, o amor é sempre preciso, ainda assim, se nos permitirem, preferimos a brasileira dançar do de guitarra ao peito.

O anfiteatro da Bela Vista vira sambódromo, e se o carnaval no Rio não se encolhe à chuva porque razão o iria fazer aqui? As constipações são preocupação para ter amanhã. Do lado oposto à coreografia uma criança parece querer mostrar ao pai que esta não será a primeira vez que terá que a acompanhar a um festival. Ou que pelo menos não vai perder o próximo concerto de Ivete. A festa segue encharcada mas sem deixar de ser picante, tropical como se pede que seja. Se calhar queríamos isto na versão luz natural, só porque os decotes ficam sempre mais reluzentes, aqui estão escondidos nas gabardinas de plástico, aquelas à prova de chuva, que a organização andou a distribuir.

Mas Ivete não é só samba, às tantas um discurso político, um alerta a pedir que se faça justiça no seu país. Aos 44 anos, a cantora brasileira ainda têm pedalada para dar conta de uma plateia bastante bem composta, sempre a tirar o pé do chão, e que fica sempre deliciada com este encontro. É claro que isto se aplica a quem sabe o samba, no fundo, a quem se dá bem com estes ritmos de dança nem sempre imediata. Para os pés de chumbo ou que simplesmente não gostam de dançar há que dizer que já se passaram piores momentos nesta edição.

Fechamos com chave de ouro, o momento em que quatro asiáticas passam por nós a correr e corriam bem, a sua tentativa de samba, a ser filmado, era o vídeo mais visto do ano no YouTube. Culpa de Ivete, pois claro.