o documento da conferência das nações unidas para o comércio e o desenvolvimento (unctad) alerta para a frágil e desigual recuperação da economia mundial, impulsionada pelos países em desenvolvimento.
«os estados unidos crescem razoavelmente, mas não têm mais como crescer o seu consumo. a união europeia e o japão crescem pouco e os países em desenvolvimento muito. o relatório diz ainda que a europa já está deixando de fazer políticas anti-cíclicas de forma prematura», disse à lusa o director internacional da comissão económica para a américa latina e caraíbas (cepal) no brasil.
ricardo bielschowsky lembrou que o consumo total chinês é 1/8 do consumo norte-americano, ou seja, não dá para compensar o baixo crescimento dos estados unidos.
«todos os países do mundo, também a europa, têm que crescer muito calcados no seu mercado doméstico, através de uma política de aumento de salários que concorram para o crescimento da demanda do consumo interno», destacou bielschowsky.
«se todos tentaram crescer pela exportação, não vai ter produto suficiente, importação suficiente no mundo. é preciso que os países cresçam pelo mercado interno, tanto os países desenvolvidos, como os países em desenvolvimento», completou.
a mensagem principal do documento da unctad é fortalecer o consumo doméstico, através do fortalecimento do emprego e da transferência de renda por parte do estado.
questionado sobre se o brasil está no caminho certo, bielschowsky admitiu que sim, mas lembrou que o relatório é global e não faz menção a um determinado país.
de acordo com a unctad, o brasil conseguiu reduzir significativamente a desigualdade entre 1990 e 2008, embora continue a figurar como o segundo país mais desigual na américa latina, atrás apenas da colômbia.
em 1990, os ricos ganhavam 30 vezes mais do que os pobres e em 2008 passaram a ganhar 20 vezes mais.
lusa / sol