Saldos com diferentes resultados em Lisboa e Porto

Os saldos de verão terminam quarta-feira com balanços bem diferentes em Lisboa e no Porto: se na capital as associações do comércio afirmam-se «surpreendidas pela positiva», a norte antecipam-se quebras de 40 por cento, atribuídas ao desemprego

«a época de saldos em 2010 deverá ter sido, nos últimos três anos, a que terá corrido menos mal», disse à agência lusa o presidente da união de associações do comércio e serviços de lisboa.

segundo vasco de melo, o inquérito feito na segunda-feira junto de um grupo, «embora restrito», de associados, obteve respostas que «surpreenderam pela positiva»: «o ‘feedback’ que eu tinha era mais negro, porque as pessoas sentem-se cépticas e com grandes dificuldades em relação às vendas neste segundo semestre», confessou.

conforme adiantou, metade dos inquiridos afirmou que a época de saldos «correu ligeiramente pior do que no ano passado», mas cerca de 16 por cento considerou que se mantiveram os níveis de 2009 e outro tanto apontou melhorias. os restantes informaram não fazer saldos.

face a esta informação preliminar sobre os saldos de verão – que vasco de melo admite poder vir a não ser confirmada pelo inquérito semestral, «mais profundo», que a união concluirá em novembro – o responsável antecipa que «o balanço não será muito negativo», nomeadamente «nas áreas do vestuário, têxteis e calçado».

na base desta melhoria poderá ter estado a «maior agressividade comercial dos últimos dois/três anos», que permitiu chegar a descontos «impensáveis» na ordem dos 80 por cento.

para vasco de melo, a contribuir para esta situação está a actual lei dos saldos, «que permite promoções a antecipar os saldos e faz com que isto seja uma baralhação».

contactado pela lusa, o presidente da associação de comerciantes do porto (acp) traça um cenário mais negro, com quebras «entre os 40 e os 45 por cento» das vendas.

«a sensibilidade que tenho neste momento é que houve, em relação aos anos anteriores, uma quebra entre os 40 e 45 por cento», disse nuno camilo.

salientando que esta quebra «não se deve ao aumento do iva, já que os comerciantes o absorveram porque o mercado não lhes permitiu aumentar os preços», a acp atribui a situação «ao aumento do desemprego e à diminuição do poder de compra dos portugueses».

«é no norte do país que há maior taxa de desemprego e, por isso, as pessoas não têm rendimento para fazer compras», sustentou.

segundo salientou nuno camilo, «o desemprego é, aliás, um dos factores que mais preocupação causa neste momento», sendo irrealista «querer ter uma economia a crescer quando se aumenta a carga fiscal».

relativamente ao natal, o presidente da acp diz esperar «que se consiga entrar numa lógica de crescimento», mas confessa-se «mais preocupado do que no ano passado, porque os indicadores económicos se têm deteriorado».

«uma das preocupações que tenho é a liberalização dos horários. se tivéssemos um aumento do consumo no país podíamos olhar para a liberalização numa perspectiva positiva, mas como não há, o que vai acontecer é uma transferência do consumo que vai levar a um problema cada vez mais gritante nas pequenas e médias empresas», sustentou.

lusa / sol