Africa Eco Race: Primeira etapa entre pastores de palmo e meio

Mais de 500 pessoas vieram rumo ao Norte de África para participar e acompanhar o Rali Africa Eco Race. A maioria começou a viagem segunda-feira rumo a Almeria – Espanha, para que esta manhã estivesse tudo a postos para a primeira especial. Uma prova muito disputada por Portugal, Espanha, França, Holanda, Alemanha, Egipto, Bélgica, Rússia…

o barco atracou em nador, marrocos. o nervosismo e o entusiasmo dividiam as expressões dos participantes e das suas equipas. a espera amplia a ansiedade e a contagem decrescente é feita ao segundo.

elisabete jacinto, experiente neste terreno, espera bons resultados mas é cautelosa quando fala em classificações, os imprevistos são muitos quando se fala em ralis. contrariando a maioria, os dias mais difíceis para elisabete jacinto são os primeiros, uma constipação inesperada não facilitou o trabalho da piloto. mesmo assim deu cartas na primeira etapa que começou em nador e terminou em borj bel freissat, classificando-se no 9.º lugar da geral e 2.º dos camiões.

a outra dupla portuguesa que representa portugal, bruno oliveira e manuel rosa, têm ambições mais comedidas uma vez que a é a primeira vez que pilotam e navegam nesta prova. bruno olveira já acompanhou elisabete jacinto em anos anteriores e desta vez surge em nome próprio com entusiasmo para competir e cautela para ambicionar lugares de topo «queremos chegar a dakar sem problemas técnicos, esse é o nosso objectivo». apesar de um pequeno desvio de navegação, os resultados foram positivos, chegaram em 14º na geral e 10º nos automóveis. num universo de 34 automóveis, 7 camiões e apenas 4 motos.

uma etapa feita entre pastores de palmo e meio, com trilhos estreitos e um cenário árido de um céu com recortes geométricos desenhados pelas montanhas marroquinas. uma corrida quase deserta, não fossem os locais surgirem de onde menos se espera, impávidos e serenos como se o rali passasse diariamente por ali.

ganha-se balanço para mais 11 dias de corrida e uma noite gelada a 1600 metros de altitude, em borj del freissat. o gelo vai-se quebrando para os concorrentes e participantes num acampamento itinerante pelo interior de marrocos. dia 3 passa-se a fronteira para a mauritânia e também para as provas mais temidas do rali, como realçou esta manhã elisabete jacinto «as etapas na mauritânia são as mais curtas e as mais difíceis, por isso costumamos dizer que quem consegue passar estas especiais, também consegue chegar ao fim da corrida».

uma viagem que se prolonga até ao dia 9 por países e povos que fazem deste rali uma prova única. cenários típicos, virgens, com a simplicidade de gente que gosta de ver caras novas pelos seus caminhos. histórias que passam ao lado da prova mas completam este rali com episódios únicos, imagens raras e gestos marcantes.

a segunda etapa segue o nascer do sol, a temperaturas negativas. mais de 450 km de prova que ligam borj bel freisset a el mdouara desenham o mapa para amanhã, onde se espera uma continuidade no piso, umas surpresas no cenário e uma adrenalina crescente, com ambiente sereno, competitivo mas de inter-ajuda.

um rali feito de histórias dentro e fora das pistas.

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