Segue-se uma viagem de ligação de 300 km até Greid Lareich, junto a Laâyoune onde se disputou a última especial em terreno marroquino. Uma etapa curta com uma facilidade apenas aparente, já que parte dos 183 km percorridos, foi sobre um shott, um lago seco que forma uma película de terra semelhante à de um lago gelado e que aparentemente parece ser apenas mais uma planície do Deserto do Sahara Ocidental. Alguns minutos a mais numa greta traiçoeira pode comprometer toda a prova.
Uma especial rápida para Elisabete Jacinto que perdeu pouco mais de 1 minuto para o adversário mais próximo Tomas Tomacek, mesmo assim conseguiu fazer a média mais rápida das 5 etapas percorridas e manter a liderança na categoria camiões e subiu para 4.º posição na tabela geral.
A dupla que representa Portugal na categoria automóvel, mantém a estratégia inicial, com Bruno Oliveira a pilotar e Manuel Rosa a dar cartas na navegação. A especial de hoje foi superada com algumas ultrapassagens nas dunas e subindo para 9.º lugar na categoria automóveis e 11.º geral.
Jerome Pelichet continua a liderar a categoria automóvel e geral.
Segue-se o ‘gigante Adamastor’, como apelidou a piloto portuguesa as etapas da Mauritânia porque «são as especiais mais difíceis, nunca sabemos o que poderá a acontecer, tanto podemos acabar a prova às 4 horas da tarde como às 4 horas da manhã». A ‘temida Mauritânia’ é a prova de fogo para a maioria dos concorrentes que respira de alívio e acredita que vai chegar ao final do rali.
A passagem pelo cabo Bojador e a sua história parecem ter sido escritas sobre as inquietações das equipas deste rali. Uma passagem que precisa de esperança para ultrapassar as tormentas e vencer as temidas dunas e pistas complexas de rocha e areia.
Uma prova determinante e exigente até no percurso de ligação que conta mais de 700 km para atravessar a fronteira. Até lá longas rectas e contrastes entre a aridez do deserto e frescura do Atlântico. Seguimos para sul onde sair da estrada é proibido, porque a dois passos podemos ser surpreendidos com uma mina ainda activa e totalmente escondida nas areias do Deserto do Sahara Ocidental.
Os procedimentos na fronteira são morosos pela longa comitiva, pelas inúmeras perguntas e pela revisão minuciosa de todos os documentos. Percorremos cerca de 5 km de terra de ninguém, fruto de conflitos entre Marrocos e Mauritânia. Escassos quilómetros de terra batida polvilhada com pedra dividem os dois países e os dois asfaltos de diferentes nações, como se reflectissem as tensas relações entre Marrocos e a Mauritânia. Um pedaço de terra, sem lei nem ordem, onde tudo é permitido.
Faltam apenas 60 km para chegar ao próximo bivouac. O tempo é curto para fazer uma refeição rápida e seguir mais 200 km rumo às primeiras dunas, para acompanhar de perto os pilotos na 6ªespecial e primeira do gigante Adamastor.