Africa Eco Race: Mauritânia, o Gigante Adamastor

Marcavam 23h30 quando arrancaram os quatro carros da imprensa e organização para uma incursão antecipada pelo deserto. Depois de uma interminável viagem de quase 1000 km até à Mauritânia, ganhou-se fôlego para somar mais 300 km até ao primeiro controlo de passagem (CP) da 1ªespecial na Mauritânia.

uma longa viagem até às 3h30 da manhã, permitida apenas com o mínimo de quatro viaturas, já que ninguém da organização do africa eco race arrisca autorizar alguma saída após o pôr-do-sol. cautelas aplicadas num país onde a insegurança é assumida e os perigos são múltiplos. circular de carro pela noite dentro é permitido, mas desaconselhável por memórias ainda recentes.

a primeira especial da mauritânia fez jus às expectativas, uma etapa de 380 km que ficou marcada por 30 km de areia extra fina, com dunas que atraiçoaram a maioria dos concorrentes. carros e camiões atolados na pista vezes sem conta e que resultaram em algumas mexidas na tabela de classificações.

«bem-vindos à mauritânia, à terra das surpresas e das noitadas no deserto» disse elisabete jacinto no final da corrida, justificando «quando parece que tudo está a correr bem, tudo muda. no princípio da especial era rápido, verde, não tinha areia, era fácil de fazer e cheguei a pensar que era fácil de acabar com um bom ritmo, até que chegámos a uma zona de dunas baixinhas, com um traçado fácil, mas a areia era tão mole que o camião recusou-se a andar, atolou várias vezes».

a piloto teve que usar todas as suas técnicas e manobras para conseguir pôr o camião a andar. muitas rasteiras neste percurso que fazem perder tempo e que obrigam as equipas a uma grande preparação psicológica, já que passar uma noite no deserto é um receio que rapidamente se transforma em realidade.

o apelido ‘gigante adamastor’ confirma-se já no primeiro dia de especiais na mauritânia, com tormentas para quase todos os concorrentes que atolaram os carros, camiões e motas, alterando as previsíveis classificações deste rali raid.

os imprevistos deixaram elisabete jacinto no 2.º lugar da etapa, 2.º na categoria de camiões e 7.º na geral. uma prova que vai a meio, nas pistas mais complexas e que remete os prognósticos para o final da corrida. a confiança e a motivação são fundamentais e caracterizam o estado de espírito de elisabete jacinto que tem vindo a dar cartas no africa race.

bruno oliveira e manuel rosa continuam a representar portugal no top ten da categoria automóvel. apesar de todas as dificuldades sentidas, sobretudo nas dunas onde atascaram várias vezes, ultrapassaram mais um desafio rumo ao objectivo principal que é chegar a dakar. ocupando o 8.º lugar na categoria automóvel e 10.º na geral com camiões.

segundo manuel rosa, «este dia ficou marcado pelos cerca de 30 km de areia fina e mole quase impossíveis de transitar». para bruno oliveira a etapa de amanhã pode ser a mais dura, com 408 km entre guelbagantour e tenadi, a sudoeste de nouakchoot na rota de l’espoir que liga esta nouakchoot ao mali. «não querendo deitar foguetes antes da festa, se terminarmos esta etapa já começamos a acreditar na chegada a dakar».

no final do dia as equipas técnicas arregaçam as mangas e tratam das mazelas dos carros, motas e camiões, para que o dia seguinte seja seguro, rápido… e com boa esperança.

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