Berardo procura director português capaz de poupar

Quatro anos após abrir, o Museu Colecção Berardo inicia novo ciclo. Em declarações ao SOL, Joe Berardo disse que o próximo director deverá ser português e capaz de poupar. As exposições serão feitas com base nas obras da colecção, em detrimento das exposições internacionais. O director-geral e o director artístico cessam funções por motivos pessoais.

joe berardo disse hoje ao sol que «gostava que fosse um português» a substituir jean-françois chougnet que deixará, a partir de abril, no fim do seu segundo contrato e por razões pessoais, a direcção artística do museu colecção berardo (mcb). o comendador adiantou que procura alguém «reconhecido a nível internacional, com preocupação de poupar», num momento em que, diz, «é preciso fazer mais com menos dinheiro».

«temos mais de mil peças em armazém que nunca foram mostradas ao público e o director que vier vai ter a oportunidade de mostrar um novo olhar sobre esta colecção de nível internacional», adiantou. o presidente vitalício da fundação berardo acrescentou que o orçamento de 2011 quase um milhão e meio menos do que o orçamento do primeiro ano de funcionamento e que é preciso fazer restrições. o que significa que as exposições de 2012 serão feitas sobretudo com recurso à colecção permanente, evitando-se a importação de peças de colecções estrangeiras.

joe berardo disse que, ainda antes de ter colocado anúncio nos jornais a pedir candidaturas ao cargo de director artístico, já tinha recebido muitas propostas quer de candidatos nacionais quer de estrangeiros, mas que não se sente condicionado a substituir chougnet «à pressa». «a programação está feita e não há nenhuma urgência», acrescentou. de resto, disse, o director que cessa agora o contrato que o ligou ao mcb desde a sua instalação irá continuar essa ligação, agora como consultor. «ele fez um trabalho importantíssimo, de alto nível, e irá continuar a ajudar-nos», afirmou. «agora queremos o melhor homem ou a melhor mulher possível para o cargo».

as dificuldades financeiras que afectam todo o sector da cultura poderão levar ainda o mcb, que teve quase um milhão de visitantes no ano passado (964 mil), a mudar o seu sistema de abertura ao público. berardo admitiu que poderá ser necessário fechar um dia por semana, se não for encontrado um patrocinador, a partir do segundo semestre deste ano. a gratuidade permanente, e para todos os visitantes, do ingresso poderá igualmente vir a ser discutida.

hoje inaugura observadores – revelações, trânsitos e distâncias , um novo percurso pela colecção berardo, a última exposição onde jean-françois chougnet intervém como comissário (além de hugo barata e ana rito). é a despedida do francês que dirigiu até hoje o museu que abriu em 2007, no espaço do centro cultural de belém, e que levou amália rodrigues a um museu de arte contemporânea e 168 mil visitantes a ver ‘sem rede’ de joana vasconcelos.

rui silvestre, director-geral do mcb também irá deixar o cargo, «apenas por razões pessoais», segundo disse joe berardo ao sol.

«ele é do porto e está há muito tempo longe da família, o que acaba por pesar muito».

telma.miguel@sol.pt