na conferência triângulo virtuoso portugal – angola – brasil, o ex-presidente defendeu que as nações lusófonas são caracterizadas por uma «plasticidade» e uma «capacidade de adaptação e de compreensão do outro» que conferem a estes países uma vantagem competitiva para enfrentar os desafios da globalização. esta, segundo fernando henrique cardoso, é «a marca mais importante da cultura portuguesa».
durante a intervenção, fhc, como é popularmente conhecido no brasil, pôs em causa a liderança do processo de globalização por parte dos estados unidos e da china num novo século multipolar. «será que o dólar é assim tão forte? serão os americanos capazes de escapar ao seu endividamento brutal?», questionou o antigo chefe de estado.
já os chineses «copiam, e muito bem», mas ainda não inovam, sentenciou, apontando contudo os avultados investimentos de pequim nas áreas das energias alternativas e dos transportes não poluentes como a principal frente da batalha para a sua afirmação global. «se conseguirem criar algo, serão donos do mundo», afirmou.
para portugal, brasil e angola, «a capacidade de criar breakthroughs, caminhos novos, será fundamental», disse fhc, que apelou ao incremento das políticas públicas para as indústrias de ponta e das novas tecnologias.
na passagem por lisboa, o antigo chefe de estado aludiu à actual situação da economia portuguesa apenas por breves instantes, afirmando confiar que o país será capaz de se «ajustar», como fez em relação «à descolonização e à europa». no entanto, fhc defendeu que a recuperação portuguesa, tal como a afirmação de um bloco lusófono, dependerá também da capacidade da europa se «reconsturir de forma sólida e estável».