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disse que se chamava joão pedro, mas piscou o olho logo a seguir, como que a dizer que no seu cartão de cidadão não existe esse nome. de corpo franzino e olhos verdes translúcidos, joão pedro conta que arrecada por mês uma média de mil euros a roubar turistas, no algarve, na zona de albufeira, onde se está a assistir a uma onda de crimes.
«no verão, consigo mais dinheiro», assume, orgulhoso. é assim que compra os cigarros, uns charros e umas cervejas. diz que mora em albufeira, desde que nasceu, há 19 anos. estudou até ao 9.º ano. não trabalha e, como vive com os pais, precisa de pouco para viver. por isso, garante, não anda sempre a roubar. «não é todos os dias», explica, enquanto puxa o cabelo para o lado. tem o cabelo um pouco comprido como quase todos os miúdos da sua idade.
joão admite escolher a dedo as vítimas. «sabemos que as pessoas que moram cá têm mais dificuldades por causa da crise. mas se os outros de fora estão a passar férias aqui e a pagar hotéis e restaurantes todos os dias, é porque têm dinheiro. por isso, roubamos mais os turistas».
ingleses alertam para perigos do algarve
a zona de albufeira é uma das mais problemáticas do algarve. em maio, ian haggath, um inglês, de 50 anos, que estava de férias com um amigo, foi assaltado e assassinado quando regressava ao hotel onde estava hospedado em montechoro.
desde então, os assaltos foram-se sucedendo e o ministro da administração interna chegou a ir ao algarve, a 21 de julho, anunciar que a região tinha recebido um reforço policial de 180 homens, 30 para albufeira.
grande parte dos assaltos são a ingleses, que representam 22,5 % dos turistas do algarve. por isso, a vaga de violência levou o ministério dos negócios estrangeiros britânico a rever as recomendações para os turistas que viajam para o sul de portugal, advertindo-os para se manterem mais alerta.
mas ainda no dia 8 deste mês, três jovens turistas inglesas foram assaltadas por três homens sob ameaça de uma caçadeira.
o medo dos assaltos na zona é também visível pelo aumento da venda de alarmes, segundo anunciaram recentemente empresas do sector. aumento este que também se verificou em loulé e portimão. em almancil (loulé), o hotel onde estava alojada a selecção do luxemburgo para o jogo com portugal, no algarve, foi assaltado no domingo, 7 de agosto. e, em portimão, um paquistanês de 20 anos, recepcionista da pensão baltazar, foi assassinado, por um assaltante, na madrugada de segunda-feira, com um tiro de caçadeira.
joão garante, porém, que, no seu caso, nunca agrediu ninguém: «não faço mal às pessoas. não é preciso. às vezes, é mesmo fácil. está tudo ali à mão de semear».
álcool tramou casal
foi o caso de christoffel steen, 22 anos, e bartje verlig, 20. um casal de holandeses a passar férias naquela cidade algarvia. decidiram fazer da praia um poiso para descansar e foram assaltados.
agora, vão mais pobres para amesterdão, onde vivem. «roubaram-nos o ipod e a carteira», contam ao sol, acrescentando: «não fomos fazer queixa porque já sabemos que não vai dar em nada e, por isso, não quisemos perder tempo».
o assalto ocorreu na manhã de 20 de julho. na madrugada anterior, tinham estado num bar com amigos: «temos consciência de que bebemos mais do que devíamos. umas 30 a 40 cervejas cada um. e vinho ao jantar». acabaram a noite na varanda do quarto do hotel. o sol estava a nascer. «como já estava muito calor àquela hora decidimos fazer ‘directa’ e ir para a praia. eram seis da manhã». adormeceram pouco depois. já passava das dez quando acordaram. «a praia já estava praticamente cheia de gente. foi quando a bartje reparou que tinha a mala aberta e que faltavam o i-pod e a carteira».
a namorada, com cara de poucos amigos, acrescenta: «é indecente aproveitarem-se desta maneira. já não se pode estar descansada na praia. estávamos a adorar as férias, mas agora não vejo a hora de me ir embora». christoffel e bartje dizem que «a sorte» é que não tinham os documentos na carteira, «se não era um problema a sério».