Dispara mercado ilegal de amêijoas

As amêijoas foram, este verão, o prato de entrada favorito de portugueses e estrangeiros no Algarve, tendo aumentado o seu consumo, segundo os proprietários dos estabelecimentos.

os viveiros estão a vender, por mês, cerca de 20 mil quilos. mas os donos destes espaços alertam para o facto de existir um mercado paralelo com mariscadores ilegais a venderem. «todos os anos vendemos muita amêijoa, mas este ano tem sido uma loucura. quando chegamos ao fim do dia já vendemos tudo», diz o proprietário de um restaurante em faro, adiantando que, tal como a maioria, também ele recorre a um mercado paralelo. «nem sempre dá para comprar com factura aos viveiros. muitas vezes, recorro aos mariscadores que vendem porta a porta. eu, por exemplo, tenho um que apanha quase só para mim. só que esses não estão legais. mas a amêijoa é igual».

a compra a mariscadores ilegais está, avisam os donos dos viveiros, a prejudicar o negócio. «devemos vender 600 ou 700 quilos por dia. cerca de 20 mil quilos por mês. podia ser mais, mas infelizmente há muita gente a comprar ilegalmente aos mariscadores para fugirem ao iva», denuncia o responsável de um viveiro.

os mariscadores não são difíceis de encontrar. na ilha de faro, de botas de borracha acima do joelho, polar manchado de café e calças de ganga, joão (nome fictício) vem com um balde preto em cada mão. vende ilegalmente. e tem medo de revelar o nome. só a idade, 34 anos. «tenho tês filhos e tenho de ganhar a vidinha», justifica. no verão não tem mãos a medir. sozinho vende mais de 30 quilos por dia, a seis euros o quilo. é com esse dinheiro que vive o resto do ano. os seus clientes são os restaurantes. compram sem factura. «com a loucura que há este ano pela amêijoa vai-se tudo num dia. a asae nem precisa de se preocupar se a amêijoa está boa: ela é apanhada e consumida no próprio dia».