por muito que os modernos profetas da desgraça se afadiguem a propagar as suas mensagens nos seus computadores, não existe nenhuma base científica para alimentar receios.
alguns desses modernos profetas prevêem para 21 de dezembro de 2012 esse tal fim do mundo com base em calendários maias. em primeiro lugar, trata-se de uma interpretação mais do que discutível de documentos muito antigos sobre a contagem do tempo. em segundo lugar, e mais importante, os maias não dispunham da capacidade de fazer previsões sobre catástrofes astronómicas a essa distância. e o mesmo acontece com outras civilizações antigas, como por exemplo a dos indianos.
há quem relacione o fim do mundo com um embate da terra com um planeta chamado nibiru, um nome retirado da antiga tradição babilónica. mas isso é pseudo-astronomia. os astrónomos sabem – e têm-no dito – que não há nenhum nibiru que ameace o nosso planeta. claro que há pequenos asteróides que, por vezes, passam relativamente perto do nosso planeta. mas a probabilidade de haver um que seja fatal para nós é muitíssimo pequena. e ninguém fez, com base em observações e cálculos, uma previsão de um evento desse tipo para o ano de 2012.
por outro lado, há quem fale de um ciclo solar violento com consequências danosas para a terra. ora o máximo de manchas solares no actual ciclo solar (cujo período é de onze anos) está previsto para 2013, estando também previsto que não será tão intenso como no ciclo anterior. os efeitos para nós não serão significativos: ciclos solares sempre existiram e sempre existirão (enquanto o sol estiver activo, o que significa nos próximos cinco mil milhões de anos).
há ainda quem fale de inversão dos pólos magnéticos terrestres, um fenómeno que aconteceu irregularmente na nossa história geológica e para o qual não há possibilidade de previsão. e há quem fale, relacionado ou não com a inversão do eixo magnético, na eclosão de grandes sismos, um fenómeno que também não conseguimos prever no estado actual da ciência geofísica.
o movimento, que não é novo, da ‘nova era’ emite todo o tipo de informações falsas, atribuindo-lhes fundamento científico, na esperança de enganar os incautos. talvez este momento, de crise económico-financeira no mundo ocidental, seja particularmente propício para que um grande número de pessoas se deixe levar por superstições. se as ciências físicas não prevêem o fim do mundo, talvez as ciências psicológicas consigam explicar os medos do fim do mundo.
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