uma equipa de investigadores australianos, norte-americanos e sul-coreanos conseguiu construir um transístor de um só átomo, colocando com precisão um átomo de fósforo sobre um substrato de silício, o material normalmente usado para fazer transístores. um transístor é basicamente um interruptor de corrente eléctrica. conforme a tensão aplicada, a corrente passa ou não passa. uma combinação de transístores permite toda a computação que está na base da vida moderna: por todo o lado, desde a cozinha (a máquina de lavar louça) ao nosso bolso (o telemóvel), passando pela nossa secretária (pc, laptops e tablets), há chips, isto é, conjuntos de transístores, que processam informação.
o sonho humano que tem sido realizado na prática desde que o primeiro transístor foi construído nos laboratórios bell, em new jersey, nos estados unidos, em 1947, é o fabrico de transístores cada vez mais pequenos. tal significa chips com maior número de transístores e, portanto, computadores mais poderosos. esta é a base da fantástica revolução electrónica a que temos vindo a assistir.
o engenheiro norte-americano charles moore previu nos anos 60 que, em cada 18 meses, o poder de cálculo dos computadores passaria para o dobro. ele próprio se encarregou de concretizar a sua profecia ao estabelecer a intel como empresa líder mundial no fabrico de transístores. estes miniaturizaram-se progressivamente fazendo com que se cumprisse a assim chamada ‘lei de moore’. mas há obviamente um limite para essa lei, pois o silício, como de resto toda a matéria, é feito de átomos e um interruptor não pode ser menor do que um simples átomo. a notícia recente diz que estamos, no laboratório, a atingir o limite atómico.
o novo transístor é mais uma proeza de nanotecnologia. o prefixo ‘nano’ vem do grego e significa anão. a palavra ‘nanómetro’ significa a milionésima parte do milímetro, o tamanho das moléculas ou grupos de átomos. um transístor actual tem mais de cem nanómetros. o transístor agora anunciado é liliputiano já que um átomo mede menos do que um nano.
há um longo e árduo caminho a percorrer até que o protótipo seja produzido industrialmente. o dispositivo exige temperaturas muito baixas: as temperaturas do hélio líquido (perto do zero absoluto, -273ºc). a sua montagem exige também um microscópio especial, que funciona em vácuo: o stm, scanning tunneling microscope, microscópio de varrimento. os cientistas colocaram uma máscara de hidrogénio na superfície do silício e depois, num buraco da máscara, inseriram o átomo de fósforo, que ficou como uma ilha entre dois terminais. a ciência é séria, mas o seu anúncio no carnaval não deixa de ser apropriado…
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