ultimamente tem estado imparável. foi o nascimento dos seus filhos, o programa american idol, este filme… como consegue dar conta do recado?
não vou mentir. tem sido esgotante. tenho ensaiado, participado no american idol e promovido o filme. é realmente muito. e há ainda os miúdos [max e emme]… mas sinto-me bem, muito zen… acho que está tudo a correr muito bem e sinto-me abençoada por isso.
o livro em que se baseia o filme ajudou-a ao longo do processo de gravidez?
percebi que o livro era muito preciso com tudo o que tem a ver com a gravidez. compreendo perfeitamente o motivo por que toda a gente o lê. é que nos transporta ao longo de todos os momentos da gravidez. quando ficamos grávidas toda a gente, com ou sem experiência, tem uma opinião sobre o assunto, mas nós não sabemos nada do que vai acontecer. este livro ajuda-nos a não entrar em pânico. percebemos como é que o nosso corpo se vai alterar e que sensações iremos ter. é algo que nos ajuda a acalmar e a adquirir alguma paz.
mas não lhe tira as dores de parto…
não faz com que os sintomas desapareçam, claro, mas faz com que tudo pareça normal – desde que a gravidez seja normal. depois da cesariana não tive dores, até porque não fumo, não bebo… e não tomo tranquilizantes. achava que ia continuar assim. mas enganei-me. quando quis pegar neles percebi que não podia por causa das dores. na altura tinha uma enfermeira para me ajudar e às tantas eles já passavam mais tempo com ela do que comigo. cheguei a confessar ao marc [anthony, ex-marido]: ‘acho que os bebés já não gostam de mim’. e chorava por causa disso. mas ele sossegou-me. foi então que decidi ler o livro, e percebi exactamente o que me estava a acontecer. desde esse momento fiquei muito mais tranquila. é que há momentos em que nos sentimos algo deslocados, por isso este livro é uma ferramenta muito útil tanto para as grávidas como para quem acaba de ser mãe.
o que a surpreendeu mais durante a gravidez em termos físicos, as transformações?
por acaso os meus pés cresceram um pouco… e eu pensei, ‘o que vou fazer agora com todos estes sapatos maravilhosos?’. mas acabaram por retomar a sua forma. bom, quase… é um pouco como as ancas. as minhas aumentaram um pouco. digamos que o corpo se transforma um pouco, mas a pele pode fazer maravilhas.
correu tudo bem durante a gravidez?
tive uma gravidez óptima. estava sempre sorridente. apesar de ser de gémeos, não tinha qualquer dor. e estava sempre em digressão. só aos oito meses e meio é que a minha barriga explodiu. e o meu nariz alargou. estava horrível. todos os meus ângulos, como quer que me olhasse ao espelho, eram mauzinhos. mas nunca me assustei muito.
não teve maus momentos?
lembro-me de ter tido um momento de pânico quando percebi que iria ser responsável por dois seres humanos. só um segundo, uma onda que passou por mim. depois passou. ficou no meu subconsciente. e volta sempre que se fala nisso. é algo que tenho de controlar. em todo o caso tenho podido dançar e tenho passado tempos maravilhosos. quando temos filhos eles transmitem-nos momentos de grande alegria e felicidade.
heidi murkoff, a autora do livro, diz que o cérebro diminui um pouco durante a gravidez. sentiu isso?
senti, sim senhor [risos]… lembro-me de estar em digressão, começar a música e perceber que não me lembrava da letra. e cheguei ao microfone e perguntei: ‘alguém se lembra da música desta canção?’. tive uma branca total. mas depois pensei: ‘estou grávida, quero lá saber…’. e virei-me para trás e pedi ajuda aos músicos. eles achavam que eu estava a brincar. ‘mas não sei mesmo a letra!’, dizia-lhes. sim, é verdade que o cérebro encolhe cerca de 8%. não é justo! mas regressa.
no filme a sua personagem adopta uma criança. isso alterou a forma como encarava a adopção?
antes da minha gravidez não pensava nisso. tive os meus filhos e não tinha tempo para pensar em mais nada. mas durante as filmagens apaixonei-me por aqueles dois gémeos que participaram no filme. e percebo como é tão fácil educar uma criança que não tem nada. é um acto de amor desinteressado muito bonito. fiquei com a sensação de perceber melhor como funciona a adopção.
sente que depois desta experiência poderá querer ter mais filhos?
seria uma bênção. mas, para já, estou empenhada em educá-los. já me ocupam o tempo todo. por outro lado, como tive gémeos e me foi recomendado fazer uma cesariana, acho que uma parte de mim ficou a pensar que gostava de ter tido um parto natural. no entanto, como presenciei a gravidez da minha irmã e a força que ela fazia, se calhar acho que fiz bem…
falemos um pouco dos pais. no filme parecem um pouco perdidos, desorientados…
mas o que é que eles sabem sobre a gravidez? [risos] não, a ideia era que se envolvessem. e a verdade é que os pais precisam de outros pais para se sentirem mais amparados. por isso, acho que os lementos masculinos deram um bom contributo para este filme.
por falar nisso, como foi contracenar com o seu companheiro no filme, o brasileiro rodrigo santoro?
tive sorte. passámos muitos bons momentos. pensamos logo que este casal era daqueles que toda a gente gostaria de ter como amigo. porque se davam bem, gostavam muito um do outro, tinham uma vida artística. ele gostava de música e ela de fotografia. até ao momento em que ela começa a pensar em ter uma criança.
lembra-se de algum momento divertido ocorrido durante a rodagem?
sim, kirk jones, o realizador, estava sempre a dizer-nos para pararmos com as demonstrações de afectos. mas a verdade é que estávamos num período afectivo muito intenso do nosso casal. ele dizia-nos: ‘não sei se têm de estar sempre aos beijos e abraços’… (risos) mas eu dizia: ‘nós somos este tipo de casal. somos muito afectuosos’. foi uma indicação para nos acalmarmos…
entre american idol e as suas digressões, qual é a sua filosofia enquanto mãe solteira? como consegue ter todo este sucesso?
sucesso aparente… o que mais me preocupa é não prejudicar o bem-estar dos meus filhos. quero ter a certeza de que estão bem. isso vem sempre em primeiro lugar. tudo o resto acaba por se compor. é esta a minha filosofia.
é uma questão de organização…
sim, desde que tudo isto consiga funcionar no sentido certo, posso dedicar todo o tempo que me resta à minha carreira. por isso penso num dia de cada vez. mas conto com a ajuda de muita gente. tenho gente óptima que me ajuda, não só no trabalho como em casa. tenho uma família óptima. tudo isso ajuda imenso. mas é bom saber que tenho muita gente comigo. essa luta de mãe solteira tem sempre um sentimento de culpa associado, pois nunca me apetece ir trabalhar. acontece-me quase todos os dias. é sempre um jogo de equilíbrios. e temos de dizer não quando é preciso.
vê-la numa comédia romântica é quase como vê-la dançar: percebe-se que se sente muito à vontade. até que ponto na sua carreira pensou que poderia combinar o cinema com a música?
sempre gostei de comédias românticas. até porque sou muito romântica, não sei se já tinha reparado… e até tenho alguma graça – talvez não tenha reparado… [risos] sim, sou divertida. mas é verdade que gosto muito de comédias românticas. sempre fui fã. é o género de que mais gosto. por isso participar nelas é algo que se torna natural para mim. é aquilo que eu sou.
qual é a sua comédia romântica favorita?
when harry met sally/um amor inevitável [1989, com billy crystal e meg ryan].
no filme, quando está a segurar a criança que vai adoptar, percebe-se que ela se enroscou em si. foi fantástico.
por acaso eram dois gémeos, veja lá a coincidência. depressa percebi que os queria levar para casa… eram tão amorosos que me apaixonei logo por eles. aquele com que fizemos essa cena foi especial. era amoroso e fez-me pensar como é possível adoptar um bebé e torná-lo parte da nossa família. amá-lo e vê-lo crescer como se fosse nosso.
por acaso sabe qual era o passado deles?
sim, eles tinham uma história especial. eram dois meninos etíopes. a mãe tinha morrido ao dar à luz e tinham apenas alguns dias. ambos estavam também muito doentes, muito magros… oito meses depois estavam num filme connosco. e foram logo adoptados por outros pais. eram muito especiais. com o samuel, assim se chamava o menino, foi amor à primeira vista: e mútuo, pois ele encostou logo a cabecinha no meu colo. foi muito bonito.