ora uma equipa internacional, designada por consórcio do genoma do tomate, publicou na revista nature de 31 de maio passado a sequenciação genética de uma espécie doméstica do tomate (a heinz 1706, usada para fazer ketchup) e de outra selvagem, típica da américa do sul, de onde o tomate veio no século xvi, trazido pelos descobridores espanhóis, para só dois séculos mais tarde entrar na gastronomia europeia. a batata, que pertence aliás à mesma família botânica (a diferença é que o tomate é um fruto, ao passo que a batata é um caule), também teve a mesma origem. do ponto de vista genético as espécies doméstica e selvagem de tomate são praticamente iguais. curiosamente, a diferença genética entre as plantas do tomate e da batata é de apenas oito por cento.
adescoberta mais curiosa foi, porém, a contagem de 32 mil genes no tomateiro, quase dez mil a mais do que na espécie humana, embora contidos em apenas 12 cromossomas ao passo que nós possuímos 23. não, a posse de mais genes não significa uma vantagem competitiva, uma vez que os genes humanos são bastante mais versáteis. mas de onde é que vieram tantos genes no tomateiro? pois os geneticistas concluíram que, há cerca de 65 milhões de anos, ocorreu uma triplicação dos genes do tomateiro, um evento que associaram à catástrofe climática que extinguiu os dinossauros, devida provavelmente à queda de um enorme meteorito no méxico. esses genes adicionais permitiram a sobrevivência da planta em condições extremamente difíceis, como a diminuição da luz solar. alguns dos genes surgidos na altura têm a ver com a produção de licopeno e, portanto, com a cor do tomate. é como se o tomate tivesse sido reinventado nessa época. e, para a nossa dieta e para a nossa saúde, ainda bem que assim foi!
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