UE: Turquia adiada

Países divididos, perspectiva de paralisia e, no último minuto, um acordo minimalista para salvar a face de ambos os lados. Assim se caracterizam os encontros de alto nível da União Europeia e o que ocorreu na terça-feira, no Luxemburgo, com a Turquia, não foi diferente. Diplomatas europeus anunciaram que as conversações sobre o processo de…

«um obstáculo que estava atravessado nas relações entre a ue e a turquia foi superado», comentou o ministro dos negócios estrangeiros e ideólogo do governo de ancara, ahmet davutoglu.

na semana passada, berlim liderou publicamente a oposição à abertura de um dos 35 capítulos (sobre política regional) do processo de negociações que esteve congelado durante três anos. num primeiro momento, os alemães alegaram questões técnicas. mas era por demais óbvio que o problema foi a forma como o governo turco reagiu ao movimento de defesa do parque gezi. «por um lado não podemos ignorar o que aconteceu nas últimas semanas. por outro, temos de estar cientes da responsabilidade do nosso relacionamento de longo prazo com a turquia», resumiu o mne alemão, guido westerwelle.

ao adiar as negociações para outubro, a coligação liderada por merkel está também a olhar para a agenda interna: as eleições legislativas ocorrem em setembro e no programa de governo da cdu há uma menção ao facto de a turquia não cumprir os critérios para aceder à ue. um facto, uma vez que dos 35 capítulos da negociação, só 13 foram abertos e um concluído.

para trás ficaram dias de tensão e de ameaças por parte do ministro para a ue,_egemen bagis. após angela merkel se ter mostrado «chocada» com a repressão policial, bagis ameaçou com manifestações na alemanha por parte dos 3,5 milhões de turcos que aí vivem. «se a sra.merkel reparar, verá que aqueles que se meteram com a turquia não tiveram um fim auspicioso».

cesar.avo@sol.pt