este ano houve menos incêndios, mas as chamas foram mais devastadoras e consumiram uma maior área, que já não se verificava desde 2005.
segundo o instituto da conservação da natureza e das florestas, os incêndios consumiram 145.385 hectares, mais 31,8 por cento do que em 2012.
em contrapartida, as ocorrências de fogo diminuíram 12,1 por cento em relação a 2012, tendo-se registado 18.604 ignições, menos 2.575 do que no ano passado.
agosto, particularmente a última quinzena, foi o mês mais devastador, tendo as chamas consumido quase 90 mil hectares e provocado a morte a oito bombeiros e a um autarca.
os bombeiros mortos este ano em combate ultrapassam a média anual de três mortes verificadas desde 1980 e, comparando com 2012, neste verão morreram mais quatro.
dados preliminares de um inquérito aos fogos pedido pelo governo apontam falha humana nas mortes e indicam que os bombeiros negligenciaram a forma de actuação, ao violarem regras de segurança, em sete dos oito casos mortais.
a autoridade nacional de protecção civil já disse ser “absolutamente especulativo e despropositado imputar qualquer tipo de responsabilidades” aos bombeiros, porque ainda estão a ser analisadas, em complemento ao relatório, “cada uma das ocorrências onde se verificaram vítimas mortais entre os soldados da paz”.
na cerimónia de avaliação do dispositivo especial de combate a incêndios florestais (decif), o responsável do comando nacional de operações de socorro, josé manuel moura, afirmou que “a avaliação do decif 2013, qualquer que seja a sua perspectiva, ficará dramaticamente marcada pelas baixas no combate”.
em agosto, registou-se uma média de 221 ocorrências de fogo por dia e houve 11 dias consecutivos com mais de 300 ignições e o dia com maior número de incêndios foi 29 de agosto, com 399 ocorrências de fogo, os quais 46% à noite.
já o dia com maior número de operacionais envolvidos foi a 28 de agosto, tendo estado no combate às chamas um total de 10.362 pessoas.
a maior percentagem de incêndios concentrou-se nos distritos de viana do castelo, viseu, vila real, guarda, braga, porto e bragança, que registaram 90 por cento da área ardida e 72 por cento do total das ocorrências.
o maior incêndio do ano ocorreu no concelho de alfândega da fé, no distrito de bragança, em julho, e consumiu uma área de 14.136 hectares, dos quais cerca de 13.706 eram espaços florestais, segundo o icnf.
além do fogo no distrito de bragança, registaram-se este ano mais 194 grandes incêndios.
da lista dos grandes incêndios fazem também parte os fogos que deflagraram na serra do caramulo que, na zona de tondela, consumiu 6.841 hectares e no concelho de tarouca, onde as chamas afectaram uma área de 6.026 hectares.
devido à vaga de incêndios que assolou o país em agosto, portugal teve necessidade de receber apoio de cinco meios aéreos de espanha e frança através de acordos bilaterais e dois aviões ‘canadair’ croatas no âmbito do mecanismo europeu de protecção civil.
os helicópteros kamov estiveram inoperacionais 2.318 horas no verão, o que causou, segundo o comando josé manuel moura, “constrangimentos significativos”.
mais de cem pessoas foram detidas pela polícia judiciária e gnr pelo crime de incêndio florestal.
lusa/sol