já foram mesas de cabeceira, já foram malas. agora, a dupla de arquitectos pedro cabrito e isabel diniz propõe para o cenário industrial do museu da electricidade, em belém, cubos de esponja a envolver as molduras das 150 ilustrações seleccionadas. um enorme tetris, que convida à interacção e às brincadeiras dos mais novos.
à sexta edição, a terceira na antiga central tejo, a ilustrarte apresenta números dignos de respeito. receberam propostas de dois mil participantes, provenientes de 72 países. o que significa que apenas 2,5% dos trabalhos foram seleccionados pelo júri desta edição, constituído por ilustradores (os italianos chiara carrer e valerio vidali, o belga carll cneut) e a editora e designer polaca ewa stiasny.
o acordeão do diabo
e foi esse júri que distinguiu com o prémio ilustrarte 2014 o trabalho da jovem alemã johanna benz. as ilustrações fazem parte de um livro editado pelo instituto das artes de leipzig, que conta com cores muito vivas e num estilo aparentemente infantil a história de um navio que partiu de hamburgo com um carregamento de instrumentos e que naufraga ao largo da colômbia. e um acordeão vai parar a pacho rada, nome maior do folclore daquele país, o chamado ‘acordeão do diabo’.
o júri distinguiu ainda, com menções especiais, o argentino diego bianki (que utilizou caixas pintadas) e a polaca urszula palusinska (que ilustra um pequeno dicionário hebraico-polaco).
“agrada ver claramente a evolução da ilustração. há dez anos a moda era a ilustração com muitos elementos, muita colagem. e agora houve uma certa depuração da imagem e há referências claras à ilustração dos anos 50 e 60, com a utilização de cores directas. e a gravura está muito na moda”, destaca eduardo filipe, organizador da ilustrarte.
além dos trabalhos dos 50 seleccionados (seis dos quais portugueses), há ainda uma homenagem ao escritor josé jorge letria, e uma retrospectiva de chiara carrer. tudo para ver até 13 de abril.