F(ech)ado para balanço

“Era preciso emprateleirar as músicas”. Pragmática, a cantora de Almeirim justifica a compilação lançada no princípio do mês. “Nos primeiros discos o registo era completamente diferente da forma como hoje canto. E senti a necessidade de regravar alguns dos temas. Mas da editora disseram-me, e com toda a razão, que já seria uma recriação, não…

São 58 temas, três deles inéditos, e os restantes escolhidos da sua já longa discografia (13 discos). Ainda assim, uma tarefa “ingrata”. “Precisava de mais um disco”, comenta. Mas se um disco é dedicado ao fado, outro a poemas e o terceiro ao ideal, como seria o quarto disco? Aos compositores, responde. “Seria importante homenageá-los, que são tantos e extraordinários”.

Com Idealist vem uma digressão, já iniciada, e que só no espaço de dois meses faz mais de 40 datas em França, Alemanha e, em especial, Bélgica e Holanda.

Foi nos Países Baixos que Cristina Branco gravou o primeiro disco, em 1998. E também foi para este país que se mudou no ano passado. A opção por emigrar é “dolorosa”, mas mais uma vez pragmática. O idealismo fica para nome de discos. E Portugal é visita de trabalho, seja para promover o disco, seja para actuar, como acontecerá em Dezembro, no CCB, em Lisboa.

“Apesar de profissionalmente ser muito mais prático e barato estar ali porque se está no centro da Europa, o que me levou a fazer isto são razões pessoais. São os meus filhos, é a grande carga de impostos que temos no país, é a desvalorização da nossa cultura e da nossa educação. Acho que é importante que tenham uma educação melhor”. Em troca, os petizes, de dez e cinco anos, são os primeiros críticos do trabalho da cantora. “Vão ouvindo as coisas ainda em fase de preparação e conseguem reconhecer com alguma facilidade o que vai ser um êxito, muito mais cedo do que eu. Por exemplo, com a ‘Bomba Relógio’ cantavam num ritmo muito mais rápido do que inicialmente tinha pensado e acabámos por imprimir esse ritmo”.

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