Ópera muito lá de casa

A ópera The House Taken Over, hoje e amanhã no Maria Matos, é assinada pelo português Vasco Mendonça.

É a partir de «um conto extraordinário, com grande potencial dramático», Casa Tomada, de Julio Cortázar, que o compositor português Vasco Mendonça burilou The House Taken Over, que os lisboetas podem ver esta sexta e sábado no Teatro Maria Matos.

«É um texto simples e forte: é a história de dois irmãos que vivem numa casa que vai ser invadida. A reacção deles é invulgar. Em vez de fugirem, ficam na casa. Será que é uma invasão real ou é uma projecção? Por que é que dois irmãos adultos vivem juntos e sós?», questiona ao SOL o compositor portuense.

É numa «atmosfera de tensão» que o espectador imerge ao ver e ouvir (em inglês) a irmã, Kitty Whately e o irmão, Oliver Dunn, a partir do libreto de Sam Holcroft e da encenação de Katie Mitchell. «Tivemos um contacto bastante intenso para fazermos a abordagem dramatúrgica. A partir do momento em que souberam que queria desenvolver o lado psicológico partiram para o trabalho», explica Mendonça, que se diz satisfeito com o resultado final, fruto de «uma equipa extraordinária».

Com uma dúzia de apresentações, a ópera – estreada em Julho no Festival de Aix-en-Provence – tem recebido críticas favoráveis e reacções muito positivas do público. Resulta da cooperação cultural europeia através da rede enoa. No caso, é uma co-produção do festival francês onde se estreou, da Gulbenkian, do Asko | Schönberg Ensemble, e dos teatros LOD, DeSingel e Grand Théâtre do Luxemburgo.

cesar.avo@sol.pt