Na segunda-feira, Renzi apresentará o programa de Governo e receberá o voto de confiança da Câmara dos Deputados e do Senado. Para tal, o até agora edil de Florença vai manter a aliança do Partido Democrático com o Novo Centro-Direita do ex-delfim de Berlusconi, Angelino Alfano.
Consumado o golpe palaciano que tirou o tapete a Enrico Letta, os juros da dívida italiana caíram para o valor mais baixo em oito anos. Ou seja, a jogada de Matteo Renzi, que fez reacender a velha rivalidade entre as antigas cidades-estado Pisa (cidade do primeiro-ministro demissionário) e Florença (cidade do primeiro-ministro indigitado) não encontrou resistência suficiente no campo político e foi bem acolhida pelos mercados financeiros.
Se esta semana foi dominada pelo totoministri (a especulação sobre quem aceita ou declina o convite para fazer parte do Executivo), em especial pela sensível pasta das Finanças, a próxima deverá incidir sobre as prometidas reformas do primeiro-ministro italiano mais novo de sempre. Renzi promete aprovar no prazo de quatro meses o que nunca se conseguiu: revisão da Constituição e uma nova lei eleitoral que prevê mais poderes para o chefe de Governo e a substituição dos 315 senadores por representantes (não pagos) das regiões; reforma das leis laborais, do sistema tributário e da administração pública. O ‘demolidor’, como é conhecido, pretende assumir a presidência rotativa da União Europeia, em Junho, num país diferente: «Estaremos prontos a perguntar o que queremos da Europa e não o que a Europa quer de Iália».
Até agora, apenas o Movimento Cinco Estrelas assumiu que vai fazer oposição ao Governo. Na ronda de conversações com os partidos, Renzi não esteve mais de cinco minutos reunido com Beppe Grillo: «Vim demonstrar a nossa total indignação por tudo o que representas», disse o comediante, que chamou o florentino de «novo velho» e acusou-o de ter copiado metade do programa de Governo do Movimento.